Pedro Corrêa rebate Lula e diz que "não era um desconhecido" do ex-presidente
O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) apresentou à Justiça Federal fotos de encontros com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para provar que “não era um desconhecido” para o petista. Côrrea prestou depoimento na manhã desta segunda-feira (5) como testemunha de acusação no processo em que Lula é acusado de receber propina da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro em 10 de maio, referente a outro processo, em que responde por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo vantagens pagas pela OAS no caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula disse que não tinha relação com o pepista, que rebateu a afirmação. O ex-presidente é réu em cinco processos diferentes, sendo que dois deles estão no âmbito da Lava Jato. Ele ainda é alvo de uma sexta denúncia do MPF.
"Eu vivia no palácio do Planalto porque era presidente do partido e, consequentemente, participava, pelo menos duas vezes por mês, da reunião de conselho político", disse Corrêa a Moro na manhã de hoje em depoimento por videoconferência.
A gravação do depoimento não permite a identificação das pessoas presentes nas fotografias, mas Corrêa diz que elas são de reuniões do conselho. As fotos mostrariam Corrêa ao lado do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (PT), e do ex-ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais do Brasil Aldo Rebello (PCdoB), todos no primeiro mandato de Lula.
Também apareciam os, à época, presidentes de PTB (Roberto Jefferson), PT (José Genoíno), PR (Valdemar Costa Neto), PV (José Luiz Penna), PSB (Miguel Arraes) e PPS (Roberto Freire), entre outros políticos, citou Corrêa, que não mencionou a data das fotografias. Pelas referências do ex-deputado, as fotos são do período entre 2004 e 2005.
Corrêa diz que não conhecia Marcelo Odebrecht
Corrêa, que já foi condenado na Lava Jato e no mensalão, negou ter conhecido o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros executivos da empreiteira, mas admitiu que recursos de contratos com a Petrobras foram destinados ao PP. “Tínhamos o compromisso de não tomar conhecimento de como eram feitas as reuniões com os empresários”, declarou.
Por conta desse acordo, segundo Corrêa, apenas o ex-deputado federal José Janene, morto em 2010, encontrava-se com os empresários em nome do PP. “E quando ele adoeceu, passou a ser Alberto Yousseff”, afirmou.
Corrêa confirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa arrecadou propina junto às empreiteiras que atuavam na estatal para o PP. “No princípio, 2005 e 2006, tinha poucas obras. Depois, os contratos foram maiores”.
O depoimento, que durou pouco mais de vinte minutos, foi acompanhado pelo advogado Cristiano Zanin Martins, defensor do ex-presidente Lula, que queria a confirmação do acordo de delação premiada de Corrêa.
No momento, ele aguarda a homologação do acordo no STF (Supremo Tribunal Federal), o que fez com que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedisse a suspensão da oitiva do político, o que não foi aceito por Moro.
Fotos são de reuniões públicas, diz defesa de Lula
Em nota, a defesa de Lula afirmou que Corrêa mudou o depoimento anterior para conseguir fechar o acordo de delação. “Corrêa depôs ao MPF [Ministério Público Federal] em 1/9/2016 e foi nesse momento informado de que estavam faltando elementos para embasar denúncia contra Lula, ocasião em que disse querer colaborar. A denúncia foi ofertada em 14/9/2016. Até hoje a delação de Corrêa não foi homologada, depois de ter sido barrada pelo ministro [do STF] Teori Zavascki em 2016 por falta de provas das alegações apresentadas”, diz a nota.
Sobre a presença de Côrrea e Lula nos encontros fotografados, a defesa disse que eram reuniões públicas e que “o ex-presidente sequer participava desses encontros, fazendo apenas aparições ao final para o cumprimento aos presentes”.
“Como Corrêa abriu a audiência mostrando essas fotos, ele se colocou não com a isenção de uma testemunha, mas como pessoa com interesse na causa, buscando a qualquer custo destravar sua delação”, afirma a nota.
Corrêa já foi condenado no mensalão e na Lava Jato
No mensalão, Corrêa foi condenado, em 2012, a mais de nove anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ele teria recebido, junto a outros parlamentares, R$ 2,9 milhões para votar a favor de matérias do interesse do governo federal durante o primeiro mandato de Lula.
Já na Lava Jato, ele foi condenado a mais de 20 anos de detenção também por corrupção e lavagem. No começo deste ano, ele teve prisão domiciliar temporária concedida para cuidar da saúde.
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