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Lula pede que Moro não se submeta aos meios de comunicação ao julgar

Tríplex: relembre momentos-chave do depoimento de Lula

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

22/06/2017 15h05Atualizada em 22/06/2017 16h28

Às vésperas de ser julgado pelo juiz federal Sergio Moro na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse esperar que o magistrado não tome sua decisão com base em pressões externas. "Não pode alguém que queira fazer justiça submeter o seu comportamento enquanto juiz aos meios de comunicação", disse o ex-presidente em entrevista à rádio Brasil Atual, de São Paulo, nesta quinta-feira (22). "As pessoas são criminalizadas pelas manchetes dos jornais."

Desde o início da tarde de quarta-feira (21), Moro já está com o processo pronto para a decisão, que pode ser proferida a qualquer momento. "Eu não posso falar muito porque eu vou ser julgado por esses dias", comentou Lula. "Acho que a peça de acusação não será levada a sério por ninguém, que não seja levada a sério pelo Moro".

O ex-presidente, segundo o MPF (Ministério Público Federal), teria recebido R$ 3,7 milhões em propina por conta de três contratos entre a OAS e a Petrobras. Os procuradores alegam que os valores foram repassados a Lula por meio da reforma de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) e do pagamento para armazenar bens do petista entre 2011 e 2016, como presentes recebidos no período em que ele era presidente.

Lula também voltou a criticar os procuradores da força-tarefa da Lava Jato. Mais uma vez, ele disse ser inocente em relação às acusações de que teria cometido os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Já provei minha inocência, quero que eles provem minha culpa. Eles mexeram com a pessoa errada

Lula

“Não vou permitir que os meninos da Lava Jato tentem prejudicar uma pessoa que construiu sua história por 50 anos”, disse Lula na entrevista. “Vou até as últimas consequências para provar a minha inocência”, disse.

Defesa quer absolvição

Nas alegações finais apresentadas a Moro na noite de terça-feira (20), a defesa do ex-presidente pediu a absolvição de seu cliente e comparou o chefe da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol ao ditador Adolf Hitler, que liderou o movimento nazista. Dallagnol ficou conhecido por ter apresentado a denúncia contra Lula utilizando um Power Point.

O MPF pediu a condenação de Lula à prisão, em regime fechado, e o pagamento de uma multa de mais de R$ 87 milhões. A Petrobras, que atua como assistente de acusação no processo, endossou a posição dos procuradores.

Lula espera que Moro anuncie sua inocência em sentença

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Mais Lava Jato

Apesar de o "processo do tríplex", como ficou conhecida esta ação penal, estar chegando ao fim, Lula e Moro irão se encontrar em uma nova oportunidade ainda este ano. O ex-presidente é réu em um segundo processo na Justiça Federal no Paraná. Ele é acusado de participar de um esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras.

Além disso, o MPF ofereceu, em 22 de maio, uma terceira denúncia contra Lula, acusando-o pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um sítio em Atibaia (SP).

Segundo os procuradores, o imóvel passou por reformas custeadas pelas empresas Odebrecht, OAS e Schahin em benefício do petista e de sua família. Em troca, os três grupos teriam sido favorecidos em contratos com a Petrobras.

Moro ainda não decidiu se acolhe ou não os novos argumentos da força-tarefa da Lava Jato. Nos dois casos, a defesa de Lula nega as acusações.