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Geddel é segundo ex-ministro de Temer a ser preso

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) - Alan Marques - 13.jan.2017/ Folhapress
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) Imagem: Alan Marques - 13.jan.2017/ Folhapress

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

03/07/2017 17h32Atualizada em 03/07/2017 18h25

Detido nesta segunda-feira (3) pela Polícia Federal, Geddel Vieira Lima (PMDB) foi o segundo ex-ministro do governo do presidente Michel Temer (PMDB) a ser preso. A prisão foi determinada pela Justiça Federal de Brasília e tem relação com a operação Cui Bono?, que investiga irregularidades na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal.

Geddel chefiou a Secretaria de Governo, hoje comandada por Antônio Imbassahy (PSDB), e pediu demissão em novembro. Ele deixou o cargo após as denúncias de que pressionou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a liberar a obra de um prédio onde comprou apartamento. Naquele momento, em pouco mais de seis meses de governo Temer, Geddel já era o sexto ministro a cair por conflitos éticos.

Antes de Geddel, o ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi preso no dia 6 de junho em um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Norte. Alves teria recebido mais de R$ 7 milhões em propinas em troca de atuar para viabilizar à construtora OAS financiamentos do BNDES para obras da Arena das Dunas, em Natal. O estádio foi usado na Copa do Mundo de 2014.

O UOL entrou em contato com o advogado de Geddel, Gamil Föppel, por telefone, e-mail e WhatsApp, mas ainda não obteve resposta.

A reportagem também tentou contato por telefone com o escritório de Marcelo Leal, advogado de Alves, sem sucesso. Quando ele foi preso, a defesa do ex-ministro não se pronunciou sobre as acusações das quais o político é alvo. No dia 22, o peemedebista teve negado pelo TRF5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região) um pedido de habeas corpus, e Leal disse que recorreria da decisão ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

16.abr.2015 - Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) toma posse como ministro do Turismo, com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao fundo - Fabio Rodrigues Pozzebom - 16.abr.2015/Agência Brasil - Fabio Rodrigues Pozzebom - 16.abr.2015/Agência Brasil
Alves toma posse como ministro do Turismo com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao fundo
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom - 16.abr.2015/Agência Brasil

"Falta o quê? Prenderem o Geddel"

A prisão de Henrique Eduardo Alves já havia deixado o Palácio do Planalto em estado de alerta, dada a proximidade entre ele e o presidente Michel Temer. O potiguar tinha trânsito livre no Planalto, que costumava frequentar para conversar com Temer no gabinete presidencial.

Segundo o UOL apurou, no dia em que Alves foi detido, um assessor reclamou: "Agora falta o quê? Prenderem o Geddel."

Agora, o governo teme que o cerco da PF e do Ministério Público em torno de Temer se feche ainda mais. Além da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer por corrupção passiva, outros nomes do círculo do presidente já foram citados ou presos por suposto envolvimento em esquemas de corrupção. São eles José Yunes (ex-assessor especial), Rodrigo Rocha Loures (ex-assessor especial), Sandro Mabel (ex-assessor especial), Tadeu Filipelli (ex-assessor especial), Romero Jucá (ex-ministro do Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

Mesmo sob investigação e fora do governo, Geddel continuou mantendo influência na Secretaria de Governo, órgão estratégico responsável pela relação do governo com o Congresso. Com o avanço da Cui Bono? e a prisão de Alves, o Planalto passou a trabalhar com a chance de que Geddel seria o próximo alvo da PF e da PGR.

Tanto Geddel quanto Henrique Eduardo Alves ocuparam cargos de destaque nos governos do PT, comandados pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Geddel foi ministro da Integração Nacional no segundo mandato de Lula e vice-presidente da Caixa no governo Dilma. Alves, por sua vez, foi também ministro do Turismo no segundo mandato de Dilma.