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Oposição tenta esvaziar plenário para evitar votação de denúncia contra Temer

Lalo de Almeida/Folhapress
Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Paula Bianchi

Do UOL, em Brasília

24/10/2017 12h39Atualizada em 24/10/2017 13h17

Assim como na votação da primeira denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) realizada em agosto, os líderes da oposição na Câmara dos Deputados esperam evitar que o governo alcance o quórum mínimo de 342 deputados necessários para dar início a sessão plenária marcada para esta quarta-feira (25) e, desta forma, ganhar tempo para engrossar o número de parlamentares favoráveis a saída do peemedebista.

“Nem o governo nem a oposição tem 342 votos. A nossa estratégia é uma mobilização ao contrário, para que os deputados não compareçam ao Congresso”, afirmou o líder do PSB, Júlio Delgado. Segundo ele, Temer “escancarou o balcão de negócios” no fim de semana ao aproveitar decretos como o que prevê descontos de até 60% em multas ambientais.

A oposição toma como certo os 227 votos contrários que o presidente recebeu em agosto e procura convencer outros deputados a ao menos evitarem o Congresso nesta quarta. Segundo os parlamentares, há diversos nomes das bancadas do PSDB e PSD em especial dispostos a não comparecerem amanhã. “Tem deputado que não consegue mais circular em sua cidade, o desgaste político de votar com Temer é muito grande”, diz Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

“As insatisfações são crescentes e o governo está apavorado porque a cada momento perde votos. Não é vitória certa do governo, muito pelo contrário”, afirma líder da minoria, José Guimarães (PT-CE). “Vamos dialogar com cada deputado, cada parlamentar, mostrando que esse é o melhor caminho, ficar em casa, não dar presença, para que o governo mostre a sua cara. A cada dia que passa nós temos ampliado nossas forças aqui.”

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Entenda a denúncia

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou Temer por obstrução de justiça e organização criminosa e também outros seis políticos do PMDB, entre eles Moreira Franco e Eliseu Padilha, mas esses apenas pelo segundo crime. 

A acusação por organização criminosa sustenta que os sete integrantes do PMDB montaram um esquema de propina em órgãos públicos, como Petrobras, Furnas e Caixa Econômica. Temer é apontado na denúncia como líder da organização criminosa desde maio de 2016.

Temer, Moreira e Padilha têm negado a prática de qualquer irregularidade.

Para a Procuradoria, o presidente também cometeu o crime de obstrução de justiça ao dar aval para que o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, comprasse o silêncio do corretor de valores Lucio Funaro, apontado como operador do PMDB.

Em sua delação premiada, Funaro afirmou ter recebido dinheiro de Joesley para que não fechasse um acordo de colaboração. Segundo a Procuradoria, o silêncio do operador beneficiaria o grupo do PMDB próximo a Temer.

O presidente nega que tenha dado aval ao executivo da JBS para os pagamentos.

A primeira denúncia contra Temer foi rejeitada pela Câmara em agosto, por 263 votos a 227. 

A primeira acusação imputava ao presidente a suspeita do crime de corrupção, por ter autorizado a negociação de propina com a JBS por meio do ex-assessor do Planalto e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil em dinheiro de um dos Executivos da empresa.

Temer e Loures também negam práticas irregulares neste caso.
 

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