Topo

Doria é uma ameaça ao Alckmin, não a mim, diz Lula sobre eleição

Do UOL, em São Paulo

27/10/2017 08h51Atualizada em 27/10/2017 09h18

Pré-candidato do PT ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pode disputar a Presidência da República em 2018 e que não o vê como uma ameaça. “Ele é uma ameaça ao Alckmin, não a mim”, avaliou Lula em entrevista à rádio Itatiaia nesta sexta-feira (2).

Doria foi uma aposta do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para a disputa pela prefeitura paulistana em 2016, o que causou um racha no partido. A vitória de Doria, em primeiro turno, algo inédito na cidade de São Paulo, deu força tanto a Alckmin quanto a Doria para pleitear a condição de candidato tucano à Presidência.

Aliados do governador acreditam, porém, que o prefeito disputar o Planalto seria uma traição ao governador, que, nesta semana, lançou um site sobre sua pré-candidatura pelo PSDB. Já Doria nunca assumiu que irá disputar o Planalto, mas também nunca negou que pretende concorrer ao cargo de presidente.

“Ele [Doria] não me causa nenhum problema. Ele pode ser candidato. Ele vai causar problema para o Alckmin, que é o seu criador”, afirmou o petista.

Lula aproveitou ainda para cutucar Doria, que é um dos seus principais críticos. “Ele só tem um problema: que é administrar São Paulo. Esse negócio de ser eleito prefeito de São Paulo e ter medo de administrar São Paulo e sair com um ano e quatro meses de mandato, ou seja, fugir do cargo...”, disse Lula, em referência a outro tucano, José Serra, que deixou a prefeitura em 2006 para disputar o governo paulista menos de um ano e meio após ter sido eleito.

“Está cheio de político que se elegeu em São Paulo com o compromisso de governar São Paulo por quatro anos. Depois percebem que os problemas de São Paulo são muito grandes mesmo. Aí as pessoas tiram o cavalinho da chuva para ser candidato a governador, ser candidato a senador, ser candidato a presidente. É um erro”, avalia o petista, que assumiu sua pré-candidatura em 13 de julho, um dia após ser condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz federal Sergio Moro em processo da Operação Lava Jato. O ex-presidente ainda é réu em outras seis ações penais.

Segundo pesquisa do Datafolha, publicada no início de outubro, Lula lidera a corrida pela Presidência em 2018 tanto no cenário contra Alckmin como no contra Doria.

Em ambos, os tucanos aparecem em quarto lugar, com os mesmos 8% das intenções de voto. O petista, porém, tem 36% dos votos em simulação de disputa contra Doria, e 35% em cenário contra Alckmin.

Em função de sua condenação, Lula pode não disputar a eleição de 2018 caso a segunda instância, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, confirme a sentença de Moro. Essa decisão só sairá no ano que vem, ainda sem data marcada.

O UOL procurou a assessoria de Doria para comentar a entrevista de Lula, mas ainda não obteve retorno.

Caravanas

Lula está em ritmo de pré-candidato a um terceiro mandato presidencial nas eleições do ano que vem. Até o dia 30, o petista passará por cidades mineiras nas quais, em sua maioria, o partido teve votações expressivas nas últimas disputas presidenciais, localizadas principalmente no norte e no nordeste do Estado. 

Na última terça-feira (24), o ex-presidente disse que, se alguém quiser evitar que ele seja candidato a presidente, "só tem um jeito". "Tenha coragem, crie um partido político, seja candidato e vá me derrotar nas urnas”. Lula não deixou claro a quem se referia --se à imprensa ou ao Judiciário, que, na visão dele, perseguem-no-- ao sugerir a criação de um partido, mas disse estar “cansado da safadeza que eles fazem com o PT”.

“A gente não é melhor do que ninguém. A gente não quer deixar de ser investigado, mas a gente quer apenas que eles nos tratem com respeito”, disse. "Eles não querem que eu seja candidato. Então, eles não conseguem me parar através das urnas. Eles vão tentar me parar através da Justiça".

O petista já passou por todos os Estados do Nordeste e, depois de Minas, deve fazer uma caravana no Rio Grande do Sul ainda este ano. O petista também já incluiu regiões da Grande São Paulo em seu itinerário.