Barroso diz que prisões da operação Skala serão reavaliadas após depoimentos
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou, em decisão desta sexta-feira (30), que os recursos apresentados por advogados contra as prisões decretadas na operação Skala, que investiga o presidente Michel Temer (MDB), serão julgados somente após o fim dos depoimentos à Polícia Federal.
Foi decretada a prisão temporária de 13 pessoas no inquérito que investiga se houve irregularidades na edição por Temer de um decreto sobre o setor portuário.
As prisões foram realizadas na quinta-feira (29). Dez pessoas foram presas, outras três estavam no exterior quando os mandados de prisão foram emitidos.
Até a tarde desta sexta-feira, eram realizados depoimentos na Polícia Federal em São Paulo.
Operação prendeu empresários e ex-ministro
A Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal na quinta, prendeu dois amigos do presidente Michel Temer: o advogado e ex-assessor José Yunes e o coronel da PM aposentado João Batista de Lima.
Além deles, outras 11 pessoas foram presas. Entre elas estão os empresários Antônio Celso Grecco, da empresa Rodrimar, Celina Borges Torrealba, do Grupo Libra, e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi.
Ao menos Yunes e o empresário Antônio Celso Grecco, dono do grupo Rodrimar, que atua no Porto de Santos, já entraram com pedidos de liberdade no STF.
O coronel Lima, que deveria ter falado à PF nesta sexta, alegou não ter condições "físicas e psicológicas" e adiou seu depoimento.
As prisões aconteceram como resultado do inquérito contra Michel Temer que tramita no STF e que apura as suspeitas de que Temer recebia vantagens indevidas de empresas do setor portuário e, em troca, as beneficiava por meio de leis e medidas provisórias.
Esquema de portos funcionaria há 20 anos
Segundo despacho de Barroso, relator do inquérito, há suspeitas de que o esquema do qual Temer se beneficiaria estaria em funcionamento há pelo menos 20 anos.
A expectativa é que uma terceira denúncia contra o presidente Temer possa ser apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nos próximos dias. Temer já foi alvo de outras duas denúncias, ambas com andamento suspenso por decisão da Câmara dos Deputados.
Na última quinta-feira, ministros e assessores próximos saíram em defesa de Temer. O argumento era de que as prisões não seriam necessárias e que elas tinham o único objetivo de “constranger” o presidente.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, voltou a dizer que a MP (medida provisória) dos Portos não beneficiaria a Rodrimar, uma das empresas cuja ligação com Temer é investigada. Os demais envolvidos negam as acusações.
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