Topo

Barroso diz que prisões da operação Skala serão reavaliadas após depoimentos

Nelson Jr.
Imagem: Nelson Jr.

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

30/03/2018 17h56Atualizada em 30/03/2018 21h17

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou, em decisão desta sexta-feira (30), que os recursos apresentados por advogados contra as prisões decretadas na operação Skala, que investiga o presidente Michel Temer (MDB), serão julgados somente após o fim dos depoimentos à Polícia Federal.

Foi decretada a prisão temporária de 13 pessoas no inquérito que investiga se houve irregularidades na edição por Temer de um decreto sobre o setor portuário.

As prisões foram realizadas na quinta-feira (29). Dez pessoas foram presas, outras três estavam no exterior quando os mandados de prisão foram emitidos.

Até a tarde desta sexta-feira, eram realizados depoimentos na Polícia Federal em São Paulo.

Operação prendeu empresários e ex-ministro

A Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal na quinta, prendeu dois amigos do presidente Michel Temer: o advogado e ex-assessor José Yunes e o coronel da PM aposentado João Batista de Lima.

Planalto teme terceira denúncia contra Temer

Band Notí­cias

Além deles, outras 11 pessoas foram presas. Entre elas estão os empresários Antônio Celso Grecco, da empresa Rodrimar, Celina Borges Torrealba, do Grupo Libra, e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi. 

Ao menos Yunes e o empresário Antônio Celso Grecco, dono do grupo Rodrimar, que atua no Porto de Santos, já entraram com pedidos de liberdade no STF.

O pedido de Grecco foi negado pela ministra Rosa Weber na noite de sexta.

O coronel Lima, que deveria ter falado à PF nesta sexta, alegou não ter condições "físicas e psicológicas" e adiou seu depoimento.

As prisões aconteceram como resultado do inquérito contra Michel Temer que tramita no STF e que apura as suspeitas de que Temer recebia vantagens indevidas de empresas do setor portuário e, em troca, as beneficiava por meio de leis e medidas provisórias.

Em maio de 2017, a PF fez buscas na sede da Argeplan, em São Paulo - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo
Em maio de 2017, a PF fez buscas na sede da Argeplan, em São Paulo
Imagem: Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo

Esquema de portos funcionaria há 20 anos

Segundo despacho de Barroso, relator do inquérito, há suspeitas de que o esquema do qual Temer se beneficiaria estaria em funcionamento há pelo menos 20 anos

A expectativa é que uma terceira denúncia contra o presidente Temer possa ser apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nos próximos dias. Temer já foi alvo de outras duas denúncias, ambas com andamento suspenso por decisão da Câmara dos Deputados

Na última quinta-feira, ministros e assessores próximos saíram em defesa de Temer. O argumento era de que as prisões não seriam necessárias e que elas tinham o único objetivo de “constranger” o presidente.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, voltou a dizer que a MP (medida provisória) dos Portos não beneficiaria a Rodrimar, uma das empresas cuja ligação com Temer é investigada. Os demais envolvidos negam as acusações.