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Banqueiro ligado a Cabral é preso no Rio sob suspeita de lavar R$ 90 milhões

O banqueiro Eduardo Plass chega à sede da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, após ser preso - Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
O banqueiro Eduardo Plass chega à sede da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, após ser preso Imagem: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

03/08/2018 07h55Atualizada em 03/08/2018 10h25

Operação do MPF (Ministério Público Federal) e da PF (Polícia Federal) prendeu na manhã desta sexta-feira (3) o banqueiro Eduardo Plass e duas sócias, sob suspeita de lavagem de mais de R$ 90 milhões envolvendo a joalheira H.Stern no Rio. O banqueiro foi presidente do Banco Pactual entre 1997 e 2003 e é sócio majoritário do TAG Bank, no Panamá, e da gestora de recursos Opus.

A ação faz parte da Operação Hashtag, um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio, e, além das prisões temporárias, cumpre ainda quatro mandados de busca e apreensão. A operação foi deflagrada com base em informações repassadas por diretores da H.Stern que firmaram acordo de delação premiada com o MPF após envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro oriundo de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.

Eduardo Plass já havia sido conduzido coercitivamente, no ano passado, em operação que investigava ocultação de mais de US$ 100 milhões de Cabral.

Agora, Plass é investigado sob suspeita de comandar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo a Procuradoria, o esquema consistia no recebimento de dinheiro em espécie dos diretores administrativos de joalheria em Ipanema. 

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O dinheiro era, então, transferido para o exterior, passando por uma empresa offshore de fachada, que reenviava os valores para uma outra empresa offshore de fachada e que, por fim, transferia os valores para a empresa que comandava o grupo da joalheria.

"Para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de Eduardo Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da joalheria, muitos deles com datas retroativas ideologicamente falsas", disse a força-tarefa em nota.

O MPF diz que US$ 24,3 milhões foram transferidos para o exterior entre 2009 e 2015, o que corresponde hoje a cerca de R$ 90 milhões. O MPF pediu o bloqueio do valor para reparação de danos e outros R$ 90 milhões por danos morais, num bloqueio total de R$ 181 milhões.

De acordo com o MPF, o esquema teria ocorrido de 2009 e 2015, portanto depois que Plass saiu do Pactual e fundou sua própria companhia de investimentos, a Opus. Além de Plass, também foram presas outra sócia da Opus, Maria Ripper Kos, e Priscila Moreira Iglesias, que também é sócia do banqueiro.

Em nota, os procuradores destacam o papel central de Plass na operação. "É como se o árbitro de futebol entrasse em campo, por baixo do uniforme, com a camisa de um dos times, encobrindo ativamente jogadas desleais”, afirma a nota da força-tarefa. 

A reportagem entrou em contato com o escritório da Opus, no Rio de Janeiro, e aguarda posicionamento. Não foi possível localizar representantes individuais dos suspeitos de imediato. A H.Stern informou que a empresa não se manifesta à imprensa sobre o assunto.

Joalherias já são alvo de investigação da Lava Jato

O ex-governador do Rio Sergio Cabral é alvo de investigações da Polícia Federal, MPF e Receita Federal sob suspeita de esquemas de lavagem de dinheiro por meio de joalherias do Rio. Segundo investigações, Cabral comprava joias com pagamento em espécie e sem emissão de nota fiscal para fins de ocultação de recursos obtidos de forma ilícita --como a propina paga por empresas e empresários em troca de vantagens em contratos com o estado, segundo versão dos procuradores da República. A defesa do ex-governador nega os crimes.

Em abril de 2017, o alto escalão da joalheria H.Stern fechou acordo de delação premiada com o MPF. Cabral e sua mulher compraram cerca de 40 peças da H.Stern, num total de R$ 6,3 milhões.

Em outubro, o MPF denunciou os donos da joalheria Antônio Bernardo, que tinha Cabral como cliente. Investigações do MPF apontam que, de 2007 a 2016, o ex-chefe do Executivo fluminense teria lavado R$ 4,2 milhões somente com a compra de produtos da Antônio Bernardo.

O ex-governador está preso desde novembro de 2016 e já foi condenado em diversas ações por corrupção e lavagem de dinheiro. (Com informações da Reuters)