"República de Curitiba" deve ampliar presença em diretorias da PF de Moro
Cada vez mais próxima de sua formação para o início do governo Bolsonaro, a Polícia Federal (PF) deve contar, em sua diretoria, com mais nomes oriundos da "República de Curitiba" - apelido dado ao grupo de investigadores da Operação Lava Jato vindos da capital paranaense. A PF é subordinada ao Ministério da Justiça, que ficará a cargo de Sergio Moro, notório pelo julgamento de casos da Lava Jato em primeira instância.
O time de Maurício Valeixo, escolhido pelo ex-juiz para ser diretor-geral da PF, ainda não está confirmado. Mas deve ser reforçado com Igor Romário de Paula para chefiar a Dicor (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado), o braço mais operacional do órgão, de acordo com fontes ouvidas pelo UOL. Igor é delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado na PF do Paraná, liderando o grupo de trabalho da Operação Lava Jato no estado.
O ex-juiz Moro deu liberdade para Valeixo montar sua equipe. O futuro diretor do órgão não bateu o martelo em relação a Igor. Há outros sondados para o cargo, mas o sentimento na corporação é que o delegado do sul ficará no posto.
Igor é um dos mais experientes do grupo da Lava Jato. Em janeiro de 2017, ele criticava o fato de a Polícia Federal do Paraná, sempre parceira do Ministério Público nos acordos de colaboração premiada, ter ficado de fora das negociações quando foi fechado o pacto com a Odebrecht. "É bem provável que haja a necessidade de um recall no caso da Odebrecht", previu. Dos 89 inquéritos abertos no STF (Supremo Tribunal Federal) a partir da colaboração de executivos da empreiteira, 22 foram arquivados até este mês, quase dois anos depois.
Valeixo também estuda chamar mais um importante nome da Lava Jato no Paraná para trabalhar com ele em Brasília. O chefe do setor de perícias do Paraná, Fábio Salvador, é um dos mais cotados para ser diretor Técnico Científico da PF. Hoje, ele lidera o time que analisa os milhares de gigabytes de documentos digitalizados após serem apreendidos em alguma das 60 fases da Operação desde 2014.
Os laudos produzidos pela equipe de Salvador vão desde estudos contábeis e de engenharia para comprovar superfaturamentos em obras, passando por análises sobre anotações em papeis, agendas e emails, até fotografias de roupas que indicam usuários de imóveis --- como no caso do sítio de Atibaia atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma portaria baixada pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, limitou a nomeação de diretores da polícia a servidores com mais experiência em cargos de direção. Três fontes ouvidas pelo UOL entendem que isso impediria o delegado Igor de assumir uma diretoria no edifício-sede da corporação em Brasília. Mas, ainda assim, não haveria problema. "Basta o ministro atualizar a portaria, pode ser o atual ou o futuro ministro", esclareceu um ex-policial ligado à gestão da PF.
Moro priorizou equipe da operação
As mudanças dentro da PF refletem a opção escolhida pelo futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, de montar equipes com as quais trabalhou durante a maior operação anticorrupção da história recente do país.
O ex-juiz já nomeou a delegada Érika Marena, "madrinha" do nome da Lava Jato, para o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional). Para uma assessoria de integração de operações em todo o país, Moro nomeou Rosalvo Franco, ex-superintendente da PF no Paraná. Para o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), o escolhido foi Fabiano Bordignon, chefe da polícia em Foz do Iguaçu (PR).
O diretor-geral da PF que está encerrando seu mandato é Rogério Galloro. Assim como Valeixo, ele compôs a equipe do ex-diretor Leandro Daiello, o mais longevo diretor do órgão. Galloro recebeu convite para atuar como assessor especial no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A mudança ainda não está acertada.
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