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Debate sobre ideologia de gênero deve ficar na universidade, diz Damares

Damares Alves - Rafael Carvalho/Divulgação/Governo de transição
Damares Alves Imagem: Rafael Carvalho/Divulgação/Governo de transição

Do UOL, em São Paulo

04/01/2019 00h37

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a advogada e pastora evangélica Damares Alves, defendeu que o debate sobre gênero se restrinja ao âmbito das universidades, e não seja introduzido no ensino infantil. Para ela, a escola no Brasil tem promovido uma grande confusão na cabeça das crianças, ignorando a identidade biológica delas.

"Vamos deixar as crianças em paz, gente. Vamos deixar a criança ser criança em sala de aula. Quer fazer a discussão? Vamos fazer lá em cima na academia", disse. "O menino é o que ele vê. Ele olha para o corpo e está vendo corpo de menino. E a escola está dizendo que não é menino, para esperar e ver o que ele quer ser", criticou, enfatizando haver uma doutrinação não combinada com a família da criança.

Damares disse que não será enviado nenhum projeto ao Congresso para conter o que chamou de "doutrinação ideológica" e que nada será imposto, mas que o governo Bolsonaro vai trabalhar para conter exageros, combatendo o preconceito, mas "sem confundir as crianças" com uma "teoria sem comprovação científica".

A ministra foi entrevistada por jornalistas do canal GloboNews na noite desta quinta-feira (3), horas depois de se ver em meio a uma polêmica ao dizer, em vídeo que circula pela internet, que meninos devem se vestir de azul e as meninas, de rosa.

No programa, ela afirmou não estar arrependida da declaração e voltou a dizer que se tratava de uma metáfora. Acusou os meios de comunicação de "pinçar" falas, deixando de lado informações importantes como algumas contidas em seu discurso de posse. "Eu lamento que as pessoas não tenham dado destaque para outras coisas que eu falei."

Instada a explicar o que significa haver, agora, um "ministério da família", Damares disse que a ideia é criar políticas educacionais, de saúde, de prevenção às drogas, entre outras, que levem a família em consideração, dentro de um contexto, a partir de uma secretaria nacional que realize assessoramento aos demais ministérios e órgãos governamentais.

Questionada sobre como o país proporcionaria tal assistência se ainda não consegue oferecer o básico, como no caso da saúde, a ministra afirmou que Bolsonaro irá fazer uma "revolução" na área, melhorando o atendimento básico, mas sem se omitir com relação ao "enfraquecimento dos vínculos familiares". "Acreditamos que família é base da sociedade e tem que ser protegida. Família protegida é nação soberana, sem interferência do Estado, mas o Estado podendo proporcionar políticas públicas de fortalecimento dos vínculos."

A ministra foi perguntada se o novo governo não estaria, diante de tudo o que já foi proposto, se propondo a substituir uma ideologia por outra, com um perfil muito religioso. "Temos uma ideologia que é da proteção da família, mas não estamos impondo. Se o papai e a mamãe quiserem vestir a criança de colorido, vistam. A crianças pertencem à família, e isso o Estado vai respeitar. Queremos oferecer uma outra perspectiva. Ali atrás, [a escola dizia] 'não chame [a menina] de princesa'. Estamos dizendo: 'pode chamar de princesa também'."

Damares Alves também disse que, apesar de a demarcação de terras indígenas ter sido retirada por Bolsonaro da Funai (Fundação Nacional do Índio), sob a alçada dos Direitos Humanos, para ser destinada ao Ministério da Agricultura, a palavra final sobre a questão será dada por um conselho interministerial, do qual farão parte ministros como os da Justiça, Casa Civil, Agricultura e o dela própria, de Direitos Humanos.