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"Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil", diz Heleno sobre Sínodo

Augusto Heleno cumprimenta Veruska, esposa de Ricardo Boechat, durante o velório do jornalista em SP - Eduardo Anizelli/Folhapress - 12.fev.2019
Augusto Heleno cumprimenta Veruska, esposa de Ricardo Boechat, durante o velório do jornalista em SP Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress - 12.fev.2019

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

12/02/2019 11h47

O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, disse hoje que ONGs estrangeiras e chefes de Estado de outros países não devem dar "palpite" na Amazônia brasileira.

A declaração foi dada em resposta a questionamentos de jornalistas sobre quais seriam as preocupações do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a respeito do sínodo sobre a Amazônia, que será realizado pela Igreja Católica em outubro, no Vaticano.

"A preocupação é que tem algumas coisas na pauta do Sínodo que são assuntos de interesse do Brasil e quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil. Não tem que ter palpite de ONG estrangeira, não tem que ter palpite de chefe de Estado estrangeiro", disse Heleno, que representou Bolsonaro no velório do jornalista Ricardo Boechat em São Paulo.

O ministro acrescentou que "o Brasil não dá palpite sobre o deserto do Saara", no Egito, "nem no Alasca, nos Estados Unidos. "Cada país cuida da sua soberania", disse.

Reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" neste fim de semana relatou a existência de relatórios da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e de comandos militares de monitoramento de atividades da Igreja Católica, vista pelo Planalto com potencial de liderar oposição ao governo Bolsonaro.

Os informes falam de encontros entre cardeais brasileiros com o papa Francisco, no Vaticano, para discutir a realização do Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes.

"Fiz uma nota do GSI explicando o comentário completamente infundado de que a Abin ia espionar os bispos, espionar os padres. Isso não tem nada a ver. A Abin não tem essa preocupação. (...) Em nenhum momento falei em espionar ninguém nem a Abin tem essa missão, nem a Abin vai monitorar ninguém com essa conotação", disse Heleno.

"A preocupação com o Sínodo é uma preocupação real, porque o Sínodo tem uma pauta que ele vai desenvolver e alguns assuntos dessa pauta são de interesse de segurança Nacional", disse Heleno.

Heleno disse ainda que só irá à Câmara dos Deputados falar sobre o trabalho da Abin e prestar esclarecimentos sobre os informes se for convocado. "Se fosse convidado não, se for convocado sou obrigado a ir", disse.

A oposição prometeu protocolar hoje na Câmara um requerimento de convocação para que ele dê explicações na Casa. O documento precisa ser aprovado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

O ministro do GSI disse que o Brasil não precisa de opiniões estrangeiras sobre a Amazônia porque o governo "sabe o que tem que fazer".

"Nós sabemos fazer desenvolvimento sustentável, segurar o desmatamento. Somos o país que menos desmatou no mundo até hoje. Então a gente fica engolindo algumas coisas que não tem que engolir", disse.

O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos DO Brasil), Dom Leonardo Steiner, se manifestou ontem nas redes sociais sobre o Sínodo.

Evitando polêmicas, disse que o evento é uma iniciativa para que a Igreja compreenda sua missão evangelizadora na Amazônia. "É um evento, uma celebração da Igreja e para a Igreja", disse.