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Em velório, Lula diz que neto sofreu bullying: "vou provar minha inocência"

Luís Adorno e Vinicius Kochinski

Do UOL, em São Paulo e em Curitiba

02/03/2019 13h31

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma promessa a Arthur Lula da Silva, 7, ao se despedir da criança em seu velório em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Segundo relato de presentes na cerimônia, Lula disse próximo ao caixão do neto:

Arthur, você sofreu muito bullying na escola, por ser neto do Lula. Tenho um compromisso com você: vou provar a minha inocência e vou mostrar quem é ladrão e quem não é neste país. As pessoas que me condenaram eu duvido que possam olhar para os netos como eu olhava para você

O ex-presidente ainda afirmou que vai provar que o procurador-chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, e o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, mentiram sobre ele.

Sob forte escolta de policiais federais, Lula permaneceu no cemitério Jardim da Colina por duas horas --chegou às 11h04 e deixou o local às 12h58. Lula entrou e saiu do crematório do cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, chorando muito.

Na primeira hora, ficou ao lado do caixão, em prantos, e fazendo carinho no corpo do menino. Na segunda hora, cumprimentou cerca de cem pessoas, entre elas, o melhor amigo de Arthur, chamado Pedro.

A todo momento, policiais federais estiveram monitorando Lula dentro e fora do crematório. Eles estavam armados e se falavam através de rádio-comunicadores.

Durante a cerimônia, que começou pontualmente às 12h e durou uma hora, Lula não se sentou. Um padre e dois pastores fizeram homenagens. Junto ao corpo, também foram cremados brinquedos e livros do menino. Foi depois disso que Lula fez um pequeno discurso aos amigos e familiares.

Lula se despede do neto em cemitério em SP

UOL Notícias

"Lula Livre" e citação de Queiroz

O funeral foi marcado pela presença de caciques do PT que prestaram solidariedade à família de Lula e por atos de apoio ao ex-presidente, com militantes petistas entoando gritos de "Lula Livre" e "preso político". Alguns militantes também citaram Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL), e o escândalo das candidaturas laranjas do partido de Jair Bolsonaro (PSL), além de palavras de ordem contra o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro.

Em clima marcado por forte comoção, militantes rezaram o "Pai Nosso" e aplaudiram o ex-presidente. Eles tiveram acesso ao velório, mas, pouco antes da chegada de Lula, o local teve as portas fechadas. Agentes da PF restringiram o acesso da militância. Contrariados, alguns militantes chegaram a gritar para a PF ir atrás de Queiroz.

Ante a possibilidade de entrada de um ativista com bandeira de movimento social, um policial federal afirmou a um segurança do PT: "se houver baderna, vamos embora e acabou". O segurança imediatamente gritou a outros seguranças: "ninguém entra!". Agentes autorizaram, contudo, uma mãe a entrar no velório com cinco amigos de escola de Arthur.