Acusando sem provas, diretora demitida da Apex se envolveu em três crises
Sem exibir provas até o momento, Letícia Catelani, ex-diretora de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), acusou a existência de "contratos espúrios" como o motivo de sua demissão, ocorrida ontem. Nos últimos meses, Letícia esteve envolvida em pelo menos três crises no órgão, que passou a ser subordinado ao Itamaraty, comandado por Ernesto Araújo. A Apex hoje é dirigida pelo militar Sergio Segovia, o terceiro presidente em menos de cinco meses.
Primeira crise: uma demissão
O UOL procurou hoje Letícia Catelani por telefone, mas ela não prestou esclarecimentos à reportagem sobre os tais "contratos espúrios" que disse combater durante sua passagem pelo órgão. "Não posso atender no momento", escreveu ela, em mensagem de texto às 15h20, sem dizer quando poderia conversar.
A primeira crise foi a demissão do primeiro presidente da Apex, Alex Carreiro. Uma fonte do órgão contou ao UOL que Letícia Catelani disputava "poder, vaidade e ideologia de direita" com ele. Carreiro foi nomeado pelo governo Bolsonaro, mas caiu na queda de braço com a diretora de Negócios. O então presidente da agência perdeu o cargo apenas uma semana depois de Catelani chegar ao posto.
Segunda crise: transferência de poder
O substituto de Carreiro foi o embaixador Mário Vilalva. Mas aí veio a segunda crise. O diplomata contou que, sem que ele soubesse, o ministro Ernesto Araújo transferiu poderes dele para Catelani e o diretor Márcio Coimbra, outro demitido com a chegada de Segovia.
"Foi descoberta a tentativa do ministro Ernesto Araújo de mudar o estatuto da agência, transferindo os poderes da presidência da agência para os dois diretores", afirmou Vilalva ao UOL. "Isso foi feito na calada da noite, arquivado em um cartório e só 25 dias depois é que foi descoberto."
A crise subiu de nível. Em 9 de abril, Vilalva foi demitido por Ernesto Araújo. Letícia vencia mais uma.
Terceira crise: Festival de Cinema de Cannes
Por fim, a diretora de Negócios se envolveu em uma terceira crise, desta vez relacionada ao Festival de Cinema de Cannes, na França.
O Brasil quase ficou de fora da rodada de negociações porque a Apex não renovou o convênio do programa Cinema no Brasil. Desde janeiro, Letícia Catelani não atendia os pedidos para marcar uma reunião e acertar a permanência do país no projeto, que busca oportunidades comerciais ligadas ao cinema durante o evento.
Demitida foi expulsa do PSL
Antes de assumir a Apex, a empresária atuava no ramo de manutenção de máquinas em São Paulo. Foi secretária-geral do partido no estado. Em 16 de agosto, a jornalista da TV Record, Christina Lemos, acusou-a de tentar fotografar as mensagens de seu celular depois que ela entrevistou o então candidato a presidente Jair Bolsonaro.
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