Multada por jogar ovo em Bolsonaro arrecada o triplo em vaquinha
Multada em R$ 499 por jogar um ovo em Jair Bolsonaro em 2017, a estudante Alana Gabriele de Oliveira conseguiu, em uma campanha de arrecadação pela internet, mais do que triplicar esse valor, arrecadando R$ 1.985. Além de sua própria multa, a jovem também pagará o mesmo valor cobrado de um amigo que estava com ela durante a ocorrência e espera o dinheiro cair na conta para fazer o pagamento.
A ovada que atingiu o ombro de Bolsonaro ocorreu em 17 de agosto de 2017, quando o então deputado federal participava de compromissos políticos no centro de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Alana chegou a ser detida pela Polícia Militar e foi indiciada pelo crime de injúria, mas fez um acordo com o Ministério Público para evitar ser responsabilizada criminalmente pelo fato, que poderia render até seis meses de prisão, além de multa. Com isso, Alana não terá nenhum registro em sua ficha criminal. A decisão foi tomada em 14 de maio deste ano.
Após o acordo, a estudante criou a vaquinha em um site de arrecadação, alegando que havia tropeçado e quebrado um ovo no terno de Bolsonaro. Ela dizia que recorreu ao site pois "não tinha R$ 499 sobrando" e lançou a campanha em 22 de maio para "pagar o ovo mais caro do mundo". Três dias depois, a vaquinha foi encerrada, após arrecadar R$ 1.985, doados por 65 pessoas.
A estudante, que prefere ser tratada como Gabriele, diz estar feliz pelo apoio à sua causa e afirma que não esperava alcançar o valor obtido. "Não imaginava. Por isso, coloquei para que a campanha durasse 30 dias, mas, em poucas horas, tínhamos arrecadado o valor todo. Fiquei feliz e surpresa", define.
Ela conta que os recursos foram disponibilizados apenas ontem para o saque. "O prazo para cair na conta é de dez dias, então sigo aguardando para poder pagar. Com os descontos [13% do total é pago ao site que organizou a vaquinha] sobram R$ 1.726, e o valor que precisamos pagar é R$ 856 [parte da multa do amigo já foi paga]. Então sobra bastante", explica.
A intenção, segundo a estudante, é doar o excedente para alguma instituição de caridade, mas afirma que só terá uma definição na próxima semana. "É certo que vamos doar, mas ainda estamos definindo para qual instituição. Já recebemos sugestões, mas ainda não definimos. Há muita gente precisando", diz.
Jovem era filiada ao PCdoB na época da ovada
Hoje com 24 anos, a estudante cursa o primeiro ano de Pedagogia na USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto. Ela era filiada ao PCdoB na época da agressão, ficou na sigla por seis anos e deixou a legenda no início de 2018. Hoje, ela é filiada ao PT. A jovem chegou a ser candidata a vereadora em Ribeirão Preto em 2016, mas teve a candidatura indeferida, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Faço o movimento estudantil, estou no DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP organizando o movimento", diz ela, que afirma que a mudança de partido não teve relação com a ovada em Bolsonaro. "Foi uma opção mesmo".
A estudante de pedagogia revela ter sido ameaçada após o incidente com Bolsonaro. "Ganhei muitos haters, tudo que eu postei nas redes sociais tive que fechar, já que sempre aparecia gente para me xingar. Por outro lado, muita gente passou a me acompanhar. Na época, foi bem complicado, mas, fora isso, não causou nenhuma mudança na minha vida", afirma.
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