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Moro é gente de carne e osso, diz Major Olimpio, líder do PSL no Senado

Sergio Moro posa para foto com participante de encontro em Manaus - Leandro Prazeres/UOL
Sergio Moro posa para foto com participante de encontro em Manaus Imagem: Leandro Prazeres/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

10/06/2019 15h41Atualizada em 10/06/2019 16h47

O líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), defendeu hoje o ministro Sergio Moro e afirmou que ele é "gente de carne e osso" ao comentar a troca de mensagens entre o ex-juiz federal e os procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato.

O Senado e a Câmara dos Deputados já articulam para expor Moro e cobrar esclarecimentos em relação ao conteúdo dos diálogos entre ele e Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Especula-se, inclusive, um pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o trabalho do ex-magistrado e a relação com os procuradores.

Na contramão dos que apontam um possível desvio ético por parte de Moro, Olimpio afirma não ter observado qualquer infração em sua conduta.

Moro é melhor ainda do que eu imaginava. Ele é gente de carne e osso e pode ter um relacionamento de ordem pessoal com os procuradores, o pessoal que estava atuando na Lava Jato. E nada está ferindo qualquer preceito constitucional ou jurisdicional

Major Olimpio, líder do PSL no Senado

Vazamentos sugerem que Moro orientou investigações da Lava Jato

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Nas conversas que se tornaram públicas após reportagens do site The Intercept, publicadas ontem, Moro atua como uma espécie de supervisor do trabalho da força-tarefa, com dicas e orientações aos membros do Ministério Público Federal.

Juristas avaliam que o comportamento fere a lei da magistratura e põe em xeque as ações de Moro e Dallagnol em momentos cruciais da Lava Jato, como a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ali não tem orientação nenhuma, diz Moro sobre mensagens

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Para Olimpio, no entanto, há um esforço coletivo no sentido de "acabar com a Lava Jato" e frear o combate à corrupção no país. "Como estão querendo acabar com a Lava Jato, estão tentando diminuir a figura do Sergio Moro, dos procuradores. Para tentar dizer: olha, ninguém fez nada. (...) São todos anjinhos que estavam sofrendo nas mãos do Moro e dos procuradores."

A narrativa de que estaria em curso uma campanha para desmantelar a Lava Jato é endossada pelos senadores que também são declaradamente entusiastas da atuação de Moro. O grupo reúne os correligionários, parlamentares de centro e aqueles considerados independentes.

Autor do requerimento da CPI da Lava Toga, cuja ideia era apurar o suposto "ativismo judicial" e as decisões de tribunais superiores, Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que há um "ataque orquestrado" para prejudicar as investigações do MPF (Ministério Público Federal) e da Polícia Federal que ganharam projeção a partir do escândalo de corrupção na Petrobras.

"Está acontecendo um ataque orquestrado contra a operação Lava Jato. O objetivo claro é tumultuar processos e investigações, barrando o combate à corrupção no Brasil. A utilização organizada e criminosa de táticas hackers é mais uma etapa dessa guerra."

O líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR), declarou que o conteúdo das conversas entre Moro, Dallagnol e os demais procuradores da força-tarefa foi obtido por meio de uma "invasão criminosa" à privacidade de "agentes públicos da maior importância". Na visão dele, o combate à corrupção é uma prioridade no país e deve estar acima de "preciosismos jurídicos".