Após militar preso, Weintraub compara Lula em avião a transporte de droga
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, fez uma comparação na utilização do avião presidencial associando os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ao transporte de drogas, dois dias após a prisão no aeroporto de Sevilha (Espanha) de um militar da Aeronáutica brasileira suspeito de transportar 39 kg de cocaína.
O sargento Manoel Silva Rodrigues estava em "missão de apoio à viagem presidencial", segundo o Comando da Aeronáutica, quando foi detido.
Após defender a prisão de Rodrigues por causa do episódio na Espanha, Weintraub postou em seu Twitter na manhã de hoje: "No passado o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?".
Antes, o ministro havia postado mensagem a quem ele chamou de "os guerreiros do PT" explicando que o militar preso "NADA tem a ver com o governo Bolsonaro". Ele repetiu o discurso feito pelo presidente, informando que o militar cumprirá pena. "Ninguém de nosso lado defenderá o criminoso", disse Weintraub.
Weintraub é o ministro que causou polêmica no final de abril, quando declarou que promoveria cortes em universidades por causa da promoção de "balbúrdia" nos câmpi. Posteriormente, ele afirmou que não se tratava de corte, mas sim de contingencionamento de recursos, e usou chocolates para tentar explicar a medida. Também já protagonizou um vídeo em que faz uma paródia do filme "Cantando na Chuva" para rebater as críticas ao bloqueio de verbas na educação.
Durante a quarta-feira, o governo apresentou versões diferentes sobre o caso. O presidente interino, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que o militar integraria a equipe do voo na volta do presidente Jair Bolsonaro, que está no Japão participando da reunião da cúpula do G-20. À noite, Bolsonaro e Mourão passaram a dizer que o militar não tinha relação com a equipe presidencial.
Após a declaração do ministro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse, também no Twitter, que o ministro se comporta como "moleque" e que "não está a altura do cargo". Também afirmou que o partido vai entrar na Justiça contra Weintraub.
Procurada, a assessoria do MEC não se manifestou sobre a declaração do ministro. A assessoria de Dilma e do Instituto Lula disseram que os ex-presidentes não vão comentar o post de Weintraub.
O sargento Silva Rodrigues já fez, segundo a Folha, ao menos 29 viagens no Brasil e no exterior desde 2011, várias delas com o staff presidencial --incluindo os Jair Bolsonaro e os ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff.
Há quatro meses, ele acompanhou Bolsonaro em uma viagem de Brasília para São Paulo, quando o presidente esteve na cidade para realizar exames médicos, após a segunda cirurgia devido ao ataque a faca de que foi vítima na campanha eleitoral.
No Portal da Transparência, mantido pelo governo federal, é possível ver que Manoel Silva Rodrigues foi reembolsado em R$ 201 por despesa de viagem em 27 de fevereiro. No campo motivo, a justificativa:
SC - 01.52 TRANSPORTE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Pouco antes dessa viagem de Bolsonaro a São Paulo, um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), insinuou em vídeo, divulgado em 14 de fevereiro, que 'governos anteriores' transportavam drogas em aviões oficiais.
O vídeo ecoa suspeitas levantadas pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta, de que aviões do ministério poderiam ter sido usados para transportar narcóticos.
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