Conversas de Moro estão entre notícias mais citadas em avaliação do governo
A divulgação de conversas entre o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e o coordenador da operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, foram o terceiro episódio mais citado pelos entrevistados do Ibope entre as notícias que podem ter impactado a avaliação do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A pesquisa divulgada hoje mostrou oscilação negativa na aprovação do governo.
A amostra aponta que a insatisfação com a gestão Bolsonaro teve em junho seu maior índice desde o início do mandato. O governo foi classificado como "ruim ou péssimo" por 32% dos brasileiros --uma elevação de cinco pontos percentuais em comparação com o último levantamento do Ibope, em abril.
Os que avaliaram como "ótimo ou bom" também somaram 32%, mas houve variação negativa entre as duas pesquisas. Em abril, o indicador era 35%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
No estudo, encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o Ibope elencou uma série de fatos que tiveram grande repercussão na imprensa e que foram mencionados espontaneamente pelas 2.000 pessoas ouvidas entre 20 e 26 de junho.
O Ibope perguntou aos entrevistados de quais notícias relacionadas ao governo eles se lembravam. O vazamento dos diálogos entre Moro e Deltan, cujo conteúdo vem sendo publicado em reportagens do site The Intercept Brasil, foi lembrado por 8%. As mensagens divulgadas até agora indicam que o então juiz federal orientou passos das investigações da força-tarefa.
Veja os cinco temas mais citados:
- Reforma da Previdência (sem especificar): 13%
- Governo publica decreto que flexibiliza posse de arma de fogo: 10%
- Divulgação de troca de mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato: 8%
- Pacote anticrime do ministro Sergio Moro: 5%
- Derrota, no Senado, do decreto presidencial que flexibiliza o uso de armas: 5%
Ainda sobre a percepção em relação ao noticiário, a pesquisa mostrou que:
- 45% afirmaram que as notícias são ruins para o governo
- 20% afirmaram que as notícias são favoráveis
- 25% opinaram que o noticiário não é nem bom nem ruim para o governo
Impacto na educação
No recorte por políticas setoriais, a insatisfação com a área da educação teve um aumento de dez pontos percentuais (de 44% para 54%).
Os dados mostram que a avaliação piorou no período em que Abraham Weintraub está à frente do Ministério da Educação --ele assumiu em 8 de abril. A pesquisa anterior foi realizada entre 12 e 15 abril, dias após a exoneração do ex-chefe da pasta, Ricardo Vélez Rodriguez.
Desde então, Weintraub foi pivô de várias polêmicas e notícias consideradas negativas para o governo, como o congelamento das verbas destinadas ao ensino superior --inicialmente, o ministro recém-nomeado declarou que cortaria investimentos de universidades que estivessem promovendo "balbúrdia". Posteriormente, o ministério recuou e informou que o contingenciamento valeria para todas as instituições.
Para o gerente da pesquisa CNI/Ibope, Renato da Fonseca, as declarações de Weintraub e o episódio do congelamento orçamentário impactaram os dados, sobretudo pelas manifestações de rua que sucederam a polêmica. No levantamento, as notícias referentes ao tema foram mencionadas por 4% dos entrevistados.
"Notícias negativas sempre afetam, mas os indícios que a gente tem aqui são que uma das coisas que mais pesaram foi o corte de verbas na educação", declarou ele. O pesquisar alertou que não é possível afirmar com certeza, porque o Ibope não investiga causalidades na metodologia da amostra.
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