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Conversas de Moro estão entre notícias mais citadas em avaliação do governo

11.jun.2019 - Ministro Sergio Moro (e) e presidente Jair Bolsonaro - Andre Coelho/Folhapress
11.jun.2019 - Ministro Sergio Moro (e) e presidente Jair Bolsonaro Imagem: Andre Coelho/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

27/06/2019 18h26

A divulgação de conversas entre o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e o coordenador da operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, foram o terceiro episódio mais citado pelos entrevistados do Ibope entre as notícias que podem ter impactado a avaliação do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A pesquisa divulgada hoje mostrou oscilação negativa na aprovação do governo.

A amostra aponta que a insatisfação com a gestão Bolsonaro teve em junho seu maior índice desde o início do mandato. O governo foi classificado como "ruim ou péssimo" por 32% dos brasileiros --uma elevação de cinco pontos percentuais em comparação com o último levantamento do Ibope, em abril.

Os que avaliaram como "ótimo ou bom" também somaram 32%, mas houve variação negativa entre as duas pesquisas. Em abril, o indicador era 35%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

No estudo, encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o Ibope elencou uma série de fatos que tiveram grande repercussão na imprensa e que foram mencionados espontaneamente pelas 2.000 pessoas ouvidas entre 20 e 26 de junho.

O Ibope perguntou aos entrevistados de quais notícias relacionadas ao governo eles se lembravam. O vazamento dos diálogos entre Moro e Deltan, cujo conteúdo vem sendo publicado em reportagens do site The Intercept Brasil, foi lembrado por 8%. As mensagens divulgadas até agora indicam que o então juiz federal orientou passos das investigações da força-tarefa.

Veja os cinco temas mais citados:

  • Reforma da Previdência (sem especificar): 13%
  • Governo publica decreto que flexibiliza posse de arma de fogo: 10%
  • Divulgação de troca de mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato: 8%
  • Pacote anticrime do ministro Sergio Moro: 5%
  • Derrota, no Senado, do decreto presidencial que flexibiliza o uso de armas: 5%

Ainda sobre a percepção em relação ao noticiário, a pesquisa mostrou que:

  • 45% afirmaram que as notícias são ruins para o governo
  • 20% afirmaram que as notícias são favoráveis
  • 25% opinaram que o noticiário não é nem bom nem ruim para o governo

Impacto na educação

No recorte por políticas setoriais, a insatisfação com a área da educação teve um aumento de dez pontos percentuais (de 44% para 54%).

Os dados mostram que a avaliação piorou no período em que Abraham Weintraub está à frente do Ministério da Educação --ele assumiu em 8 de abril. A pesquisa anterior foi realizada entre 12 e 15 abril, dias após a exoneração do ex-chefe da pasta, Ricardo Vélez Rodriguez.

Desde então, Weintraub foi pivô de várias polêmicas e notícias consideradas negativas para o governo, como o congelamento das verbas destinadas ao ensino superior --inicialmente, o ministro recém-nomeado declarou que cortaria investimentos de universidades que estivessem promovendo "balbúrdia". Posteriormente, o ministério recuou e informou que o contingenciamento valeria para todas as instituições.

Para o gerente da pesquisa CNI/Ibope, Renato da Fonseca, as declarações de Weintraub e o episódio do congelamento orçamentário impactaram os dados, sobretudo pelas manifestações de rua que sucederam a polêmica. No levantamento, as notícias referentes ao tema foram mencionadas por 4% dos entrevistados.

"Notícias negativas sempre afetam, mas os indícios que a gente tem aqui são que uma das coisas que mais pesaram foi o corte de verbas na educação", declarou ele. O pesquisar alertou que não é possível afirmar com certeza, porque o Ibope não investiga causalidades na metodologia da amostra.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.