Ibope: aprovação do governo Bolsonaro vai a 32%, menor índice desde a posse
A aprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a oscilar negativamente e é a pior desde o início do mandato. É o que mostra nova pesquisa Ibope divulgada hoje. O levantamento foi encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A pesquisa mostra que 32% dos brasileiros avaliam o governo como ótimo ou bom. O levantamento indica ainda que 32% da população opinaram que a gestão é ruim ou péssima.
A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 26 de junho. Foram ouvidas 2.000 pessoas em 126 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em relação ao último levantamento CNI/Ibope, divulgado em abril, o índice de ótimo/bom oscilou negativamente três pontos percentuais, dentro da margem de erro: de 35% para 32%. Já o registro de ruim/péssimo subiu cinco pontos: 27% para 32%.
Na comparação entre todos os levantamentos mensais - com exceção de maio, em que não houve pesquisa -, a aprovação do governo em junho é a pior do ano.
Confiança no presidente cai
No que diz respeito à maneira de governar do presidente, o percentual de desaprovação cresceu de 40% para 48%, enquanto a aprovação recuou de 51% para 46%. A confiança em Bolsonaro também diminuiu. O percentual dos que confiam no chefe do Executivo passou de 51% para 46% e os que não confiam aumentou de 45% para 51%.
No momento da divulgação da pesquisa, o presidente está em Osaka, no Japão, para participar, nos próximos dois dias, da cúpula dos líderes do G20.
Em junho, o governo Bolsonaro passou por reveses e momentos conturbados: a divulgação de conversas do ministro da Justiça, Sergio Moro, com procuradores da Operação Lava Jato; as mudanças no projeto de reforma da Previdência no Congresso; a derrubada, no Senado, do decreto presidencial das armas, o que levou Bolsonaro a revogar a medida; a prisão de um assessor do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por suposto envolvimento no caso das candidaturas laranjas de Minas Gerais; manifestações contra a reforma e o bloqueio de verbas na Educação; e a prisão de um sargento, supostamente com cocaína, em um avião da FAB.
Insatisfação com Educação
No recorte por políticas setoriais, a área da educação teve um aumento de dez pontos percentuais (de 44% para 54%) quanto à insatisfação dos brasileiros. Os dados indicam que a avaliação piorou no período em que Abraham Weintraub está à frente do Ministério da Educação, que assumiu em 8 de abril. A pesquisa anterior foi realizada entre 12 e 15 abril, dias após a exoneração do ex-chefe da pasta, Ricardo Vélez Rodriguez.
Desde então, Weibtraub foi pivô de várias polêmicas e notícias consideradas negativas para o governo, como o congelamento das verbas destinadas ao ensino superior --inicialmente, o ministro recém-nomeado declarou que cortaria investimentos de universidades que estivessem promovendo "balbúrdia". Posteriormente, o ministério recuou e informou que o contignenciamento valeria para todas as instituições.
Para o gerente da pesquisa, Renato da Fonseca, as declarações de Weintraub e o episódio do congelamento orçamentário impactaram os dados, sobretudo pelas manifestações de rua que sucederam a polêmica.
"Notícias negativas sempre afetam, mas os indícios que a gente tem aqui são que uma das coisas que mais pesaram foi o corte de verbas na educação", declarou ele. O pesquisador alertou que não é possível afirmar com certeza porque o Ibope não investiga causalidades na metodologia da amostra.
O estudo também mostra que o percentual dos entrevistados que consideram que as notícias recentes atingiram o governo cresceu de 39% para 45% entre abril e junho.
Queda entre as mulheres
O cruzamento de dados aponta que a queda na popularidade do presidente é maior entre as mulheres, entre os que possuem até a quarta série da educação fundamental e entre os brasileiros com menor renda familiar.
Enquanto 54% dos homens aprovam o governo, isto é, mais da metade, apenas 39% das mulheres se disseram contempladas pela gestão. O percentual de reprovação chegou a 54% entre as pessoas do sexo feminino --enquanto homens somaram 42%.
Na análise por região, o desempenho foi pior entre os residentes nas regiões Norte/Centro-Oeste e Nordeste. No Sul, por sua vez, a popularidade de Bolsonaro se consolidou como a maior do país. É a única região em que mais de 50% avaliam o governo como ótimo ou bom --subiu de 44% para 52%.
No Nordeste, elevou-se a insatisfação com a chefia do Executivo, e o percentual dos que afirmam considerar a gestão como ruim ou péssimo subiu de 40% para 47%. Por outro lado, os que avaliam como ótimo ou bom caiu de 25% para 17%.
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