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PF diz que supostos hackers atacaram mil celulares e cometeram estelionato

Um dos quatro presos sob suspeita de hackear o celular do ministro Sergio Moro - Mateus Bonomi/Folhapress
Um dos quatro presos sob suspeita de hackear o celular do ministro Sergio Moro
Imagem: Mateus Bonomi/Folhapress

Eduardo Militão e Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

24/07/2019 18h30

A Polícia Federal informou, em apresentação realizada na tarde de hoje, que os supostos hackers presos ontem atacaram aproximadamente mil telefones celulares e participaram de fraudes bancárias. Na casa de um deles, foram apreendidos R$ 99 mil em dinheiro vivo.

"Nós estamos estimando que aproximadamente mil números telefônicos diferentes foram alvo dessa operação por essa quadrilha", disse o coordenador geral de inteligência da Polícia Federal, delegado federal João Vianey Xavier Filho, ao fazer apresentação à imprensa junto com o diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), Luiz Spricigo Júnior.

"O perfil dessas pessoas é relacionado a estelionato bancário eletrônico", continuou Vianey. "Eles estão em vários graus de envolvimento, mas estão de alguma forma ou outra vinculados a fraudes bancárias eletrônicas, praticadas em internet banking, com engenharia social [formas de enganar uma pessoa] das vítimas e fraudes no cartão de crédito e débito."

Ontem, a PF prendeu quatro pessoas identificadas como hackers que teriam invadido os celulares de autoridades, como o ministro da Justiça, Sergio Moro, e do coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol.

Nas buscas realizadas, os policiais também encontram um computador com dezenas de atalhos de conexão para diversas contas em aplicativos de mensagens. "Há a possibilidade de realmente um número muito grande de possíveis vítimas desse tipo de ataque", afirmou Vianey.

Dúvidas

A PF não permitiu que os jornalistas fizessem perguntas a Vianey e Spricigo. O delegado e o perito não responderam à pergunta de um repórter para explicar se, conforme afirmou o ministro da Justiça, os alvos seriam mesmo a fonte do site The Intercept Brasil. O jornal eletrônico publicou mensagens de Moro mostrando que ele, quando era juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, interferia na condução das investigações do Ministério Público.

A PF também não esclareceu se, por ser um grupo acostumado a fazer fraudes bancárias, os presos não teriam sido usados por outras pessoas para fazer o material obtido dos telefones das autoridades chegar até os jornalistas. De acordo com a legislação brasileira, os jornalistas não são responsáveis pela forma como a fonte obtém as informações que as repassa sob condição de sigilo.

Suspeito disse ter invadido celular de Deltan

Mais cedo, uma pessoa ligada à investigação afirmou que o homem apontado como suspeito de invadir o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, admitiu que clonou o telefone do procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. A pessoa pediu para não ser identificada.

Walter Delgatti Neto foi detido pela Polícia Federal (PF) e prestou depoimento até as 23 horas de ontem. Segunda essa fonte, ele está "entregando tudo" aos investigadores.