Kim Kataguiri diz que MBL superficializou debate ao generalizar a esquerda
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) disse hoje, em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem, que o MBL (Movimento Brasil Livre) "superficializou" o debate político no Brasil ao generalizar as críticas à esquerda.
O principal erro que o MBL cometeu nos últimos anos foi misturar quem era de esquerda e tinha roubado, com quem só era de esquerda. Acho que a gente acabou de certa maneira contaminando o debate, superficializando o debate, criando um espetáculo e misturando quem efetivamente era mau-caráter, e estava lá de sacanagem, com quem simplesmente discordava da gente. Com quem discorda da gente tem diálogo, com quem é criminoso tem que ir preso.
"Eu acho que o rumo que a gente tem agora é muito mais de promover o diálogo e escutar todos os lados. Claro, sempre com os mesmos ideais e com o mesmo conteúdo", completou o deputado.
A ideia inicial do programa era colocar frente a frente Kim e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que discutiram recentemente, via redes sociais, por conta da derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à lei que prevê pena de dois a oito anos de prisão para quem divulga fake news durante as eleições.
O debate no programa comandado por Emílio Surita não aconteceu por incompatibilidade de agendas de ambos. Apesar disso, Kataguiri, que chegou com o programa em andamento, explicou os motivos da polêmica, já que durante as eleições de 2014 tinha relação de proximidade com o deputado Bolsonaro.
"Eu explico. Em 2014 eu fiz campanha para o Eduardo Bolsonaro. Votei no Eduardo Bolsonaro. Eu estava na Paulista e me arrependi porque naquela época ele defendia combate à corrupção, ele defendia limitar o poder do Supremo, e hoje ele defende justamente o contrário: que o Supremo continue tendo poder, que abafe a Operação Lava Jato. Então ele traiu o meu voto."
"Inimigo do lavajatismo"
Kim ainda completou dizendo que Bolsonaro "se tornou inimigo do lavajatismo" para depois responder à pergunta de Daniel Zukerman sobre os motivos da discussão com Eduardo Bolsonaro estarem ligados ao caso Queiroz.
"É isso. Só isso não... Pelo amor de Deus. Ele [Jair Bolsonaro] está acabando com todas as estruturas de fiscalização e cultura para proteger o filho. Não é ridiculo isso? É lógico que é ridículo isso!", disse.
"Eu acho que se tornou inimigo do lavajatismo. Primeiro porque pela primeira vez, em 20 anos, o Congresso Nacional teve a coragem de votar um projeto que limita poderes do Supremo Tribunal Federal. Ele foi lá e vetou! E o Bolsonaro [Jair] sempre discursou contra o excesso de poderes do Supremo, contra a usurpação de competência do Parlamento... Aí ele vai lá e veta! Deixando o Supremo poderoso como está hoje".
Na sequência, Kim continuou a explicação, mas agora criticando a situação envolvendo o Partido Social Liberal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
"Segundo ponto: o PSL encheu o saco na Câmara dos deputados que votaram para que o Coaf ficasse no Ministério da Economia. Eu votei para ir ao Ministério da Justiça porque eu acho que o governo se organiza como ele bem entender. Mas outros deputados entenderam o contrário. Aí agora que o Bolsonaro acaba com o Coaf, extingue o Coaf, cria uma outra instituição dentro do Banco Central, e essa instituição não precisa mais ser de servidores efetivos... Ou seja: ele indica politicamente quem ele quiser. Todo mundo fica quieto, inclusive o Eduardo Bolsonaro?! Ué, não era um escândalo passar do Moro para o Paulo Guedes? Agora não é um escândalo passar para qualquer indicação política que não é de servidor..."
A questão envolvendo Eduardo Bolsonaro "embaixador no senado" também foi abordada por Kim.
"Terceiro ponto: sai ontem [quinta-feira(29)] a notícia no Diário Oficial da União, que o Bolsonaro, para aprovar o Eduardo embaixador no senado, entrega cargo para Ciro Nogueira (PP). Ciro Nogueira é um dos principais pilares no Petrolão. O próprio Bolsonaro quando era do PP [Progressistas] falava que lá só tinha ele de honesto. Bom, se no PP só ele não estava envolvido, logo Ciro [Nogueira] estava envolvido e Bolsonaro [João] sabe disso. E se Bolsonaro sabe disso, ele está dando cargo comissionado para bandido, sabendo... Para nomear o filho embaixador", encerrou.
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