Aras pede "impessoalidade" à Lava Jato e alfineta excessos de Deltan
O subprocurador Augusto Aras pediu "impessoalidade" à Operação Lava Jato. Durante sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado hoje, o indicado ao cargo de procurador-geral da República pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que as investigações não podem ser "precedidas ou sucedidas de opiniões".
"A Lava Jato é um resultado de muitas experiências que antecederam. Precisamos tratar como toda e qualquer operação, com todos seus princípios e valores. Um dos grandes desafios nossos é quebra do dever da impessoalidade", disse.
"É fundamental que os agentes públicos, especialmente do Ministério Público e da magistratura se manifestem nos autos, somente na fase da ação penal. As investigações, quando antecedem, quando são precedidas e mesmo sucedidas de opiniões, importam em condenações prévias de todos aqueles que são mencionados."
Aras também alfinetou supostos excessos do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba. Para o subprocurador, faltou alguém de "cabeça branca" para orientar e extrair o melhor da operação.
"Em relação ao colega Deltan, não há que se desconhecer o grande trabalho em busca de resultados que foram apresentados. Se tivesse lá alguma cabeça branca, diria ele e aos colegas jovens que poderíamos fazer tudo como ele fez, mas com menos holofote. Poderíamos ter feito tudo do mesmo jeito", disse.
"Vimos o Supremo anular o processo do [Aldemir] Bendine [ex-presidente da Petrobras] porque não foi dado vista ao delatado. Não estou dizendo se esse processo é válido ou não. Se eu merecer a confiança de vocês, vou me manifestar sobre ele. O que estamos tratando, quando cuidamos de Lava Jato, vamos tirar o melhor dela. E não vamos perseguir o colega por eventuais excessos, vamos tratar o colega dentro da lei. Vamos imaginar que nenhum de nós no Ministério Público está acima da lei", analisou.
Mais cedo, ele já havia apontado soluções para "corrigir" a Lava Jato. Apontando o "marco" na história do Ministério Público com operação, disse que "boas práticas devem ser adotadas", mas que, como "toda e qualquer nova experiência", há dificuldades e distorções a serem corrigidas.
Sempre apontei os excessos, mas sempre defendi a Lava Jato, porque a Lava Jato não existe per se. A Lava Jato é o resultado de experiências anteriores, que não foram bem-sucedidas na via judiciária.
Augusto Aras
Aprovado por 68 senadores
Em votação no plenário, Aras foi aprovado por maioria absoluta: 68 votos favoráveis e dez contrários. A nomeação dele para a PGR foi publicada na noite de hoje no Diário Oficial da União.
Antes da deliberação do plenário, Aras foi submetido a uma sabatina que durou quase 5h30 na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Na comissão, o parecer pela aprovação da indicação recebeu 23 votos favoráveis e apenas três contrários.
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