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Wajngarten, da Secom: "Herdei uma secretaria absolutamente devastada"

Renato Pezzotti/UOL
Imagem: Renato Pezzotti/UOL

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL,em São Paulo

02/10/2019 16h12

Resumo da notícia

  • Fabio Wajngarten, secretário da Comunicação Social da Presidência, esteve em evento voltado a publicitários, em São Paulo
  • Ele disse que está em Brasília para defender o setor (de comunicação) e pediu que mercado "acredite no governo"
  • "Não houve nenhum esforço para a preparação de uma MP que atinja o BV (bonificação por volume)", prática comum do mercado publicitário nacional
  • Secom possui R$ 120 mi de verba para investimento em mídia em 2019. Secretário diz que espera orçamento pelo menos duas vezes e meia maior para 2020

Fabio Wajngarten, secretário da Comunicação Social da Presidência da República (Secom), contou sobre o seu dia a dia no comando do órgão durante evento voltado ao mercado de publicidade, realizado em São Paulo.

"Estou em Brasília para defender o setor (de comunicação). Herdei uma Secom absolutamente devastada. Tive que explicar que comunicar também é governar. O meu pedido para vocês é que acreditem no governo", declarou Wajngarten para a plateia, formada por cerca de 600 executivos das principais agências de publicidade e veículos de comunicação do Brasil.

A Secom é a responsável pela definição das diretrizes de comunicação para o Poder Executivo Federal relativas a publicidade, mídia, pesquisas, patrocínios, eventos, imprensa e comunicação digital.

O secretário reforçou que todas as decisões do governo relativas a propaganda são técnicas e ressaltou a atuação de Glen Valente, secretário de Publicidade e Promoção da secretaria. "A Secom é uma extensão dos departamentos corporativos de todos vocês. Ela existe para servir ao mercado. A era da negociata obscura acabou", afirmou.

Amante da livre comunicação

Questionado sobre a maneira do presidente Jair Bolsonaro atuar no dia a dia da comunicação, Wajngarten disse que "o presidente foi eleito sem recurso e sem apoio" e que tem certeza que ele atua assim porque "é muito duro receber ataques indevidos". "Ele é um amante da livre comunicação, desde que ela seja verdadeira, justa e isenta", declarou.

Sobre a interferência de Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, na secretaria, Wajngarten foi enfático. "Eu vi o Carlos apenas três vezes. Hoje, ele dá zero palpite na Secom", afirmou.

Fim da "bonificação por volume"

O fim do BV (bonificação por volume) também foi tema do debate. No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pretendia editar uma medida provisória para mudar as regras do mercado. Na época, Bolsonaro disse que, assim, teríamos "democracia na distribuição de verbas publicitárias no Brasil pelo menos por cinco meses por ano".

"O governo é totalmente pautado pela liberdade econômica. Não houve nenhum esforço para a preparação de uma medida provisória que atinja o BV. Tudo que for feito será em comum acordo com o setor. Tudo será feito para beneficiar e para proteger o mercado", disse Wajngarten.

A prática é contemplada nas regras do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp), que autorregula o mercado publicitário nacional.

Em busca de um orçamento maior

Segundo o executivo, a Secom tem quase R$ 120 milhões de verba para investimento em mídia em 2019. Para ele, o número está longe do ideal. "Tenho atuado para que o orçamento de 2020 seja, no mínimo, duas vezes e meia maior. Determinados ministérios têm orçamentos maiores do que a Secom. São aberrações que a gente não pode ser mais conivente", afirmou.

"A relação das agências com o governo federal é impecável. Será lançado, em breve, um edital de concorrência para agências. Acredito que vai ser o melhor feito nos últimos tempos", disse.