Senado aprova MP de Bolsonaro que foi alvo de obstrução do PSL na Câmara
O Senado Federal aprovou hoje a medida provisória do governo que retira a articulação política das mãos de Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, e transfere para a Secretaria de Governo, comandada desde junho pelo general Luiz Eduardo Ramos.
O projeto esteve ontem no meio do fogo cruzado do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Em pé de guerra com a ala leal ao mandatário, deputados ligados ao presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), se juntaram à oposição na tentativa de fazer obstrução no plenário.
A bancada foi orientada pelo líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO), e conseguiu obstruir a votação da MP por cerca de uma hora. Ao fim dos trabalhos, a medida acabou aprovada e seguiu para o Senado.
O governo tinha pressa para colocar a matéria em votação, já que sua validade expiraria amanhã.
A tramitação no Senado foi bem mais tranquila do que na Câmara. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), inseriu a MP extrapauta na Ordem do Dia de hoje. A matéria vai agora à sanção presidencial.
Crise no PSL
O racha do PSL acontece em público. As discussões e trocas de ofensas ficaram ainda mais evidentes na obstrução feita pelo PSL. O líder da sigla na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), sustentou que o partido é o que mais apoia o governo, mas ainda assim colocou obstrução na matéria.
"Os parlamentares, em sua maioria, estavam na reunião e por isso tive que sair correndo. Vou lá [no plenário] adequar essa orientação", justificou Waldir, ontem.
O clima dentro do partido com 53 deputados é de guerra declarada. O grupo próximo a Bivar se uniu e criou um entendimento de que se qualquer um dos 33 agregados sofrer ataques de Bolsonaro ou dos correligionários, haverá revide.
"O partido está completamente rachado, e agora, se vierem nos atacar vamos usar a estrutura partidária para punir, limitar atuação, encontrar meios de revidar", disse um dos líderes do grupo bivarista.
O grupo que se aliou a Bolsonaro e critica a direção do PSL estuda maneiras de sair do partido e levar consigo sua cota de fundo partidário (verba pública que financia o funcionamento partidário) e o mandato.
Para isso tentam justificar que falta transparência e há irregularidades na prestação de contas do partido. Isso lhes garantiria direito de sair sem punições, segundo advogados de Bolsonaro.
Entre esses membros, além do presidente, estão Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP) e outros.
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