MPF: Dario Messer é sócio de Horacio Cartes em banco na mira da Lava Jato
Resumo da notícia
- Ligação de doleiro com ex-presidente do Paraguai já era investigada
- UOL noticiou elos entre Messer e Cartes em maio deste ano
- Foragido, doleiro viveu e manteve negócios no país vizinho
O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes é sócio do doleiro brasileiro Dario Messer em um banco suspeito de atuar no esquema de lavagem de dinheiro de propinas da Odebrecht, segundo investigações da Lava Jato.
A instituição financeira em questão é o Banco Basa, antigo Amambay. O banco já foi citado em investigações brasileiras sobre corrupção em maio de 2019, conforme noticiou o UOL.
Naquela época, a Lava Jato do Paraná apurava a participação do Banco Paulista no esquema de propina da Odebrecht.
Relatórios do Banco Central usados na investigação ligaram o Banco Paulista ao Banco Amabay. A suspeita era de que as duas instituições atuavam de forma coordenada para lavar recursos ilícitos movimentados por corruptos ligados à Odebrecht.
O Banco Basa sempre negou que Messer seja sócio da instituição, assim como qualquer suspeita de atividade irregular.
No entanto, um documento enviado pelo MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) à Justiça informa que "Dario [Messer] seria um sócio oculto de Cartes [no banco], conforme teria indicado em relatório de abril de 2018 a Comissão Bicameral de Investigação do Congresso paraguaio."
O UOL informou em maio que as suspeitas sobre o Banco Amambay estão relacionadas a operações de "importação de moeda" realizadas com o Paulista. Entre 2012 e 2016, o Banco Paulista importou R$ 14 bilhões. Boa parte desse dinheiro veio do Amambay.
Durante esses mesmos anos, o Paulista ajudou executivos ligados à Odebrecht a lavar dinheiro no Brasil, segundo a Lava Jato. Ao todo, cerca de R$ 48 milhões foram "lavados".
O valor foi informado à Justiça pelos próprios executivos, em delação premiada. Investigadores suspeitam que essas operações que podem ter sido feitas de forma casada com a importação de moeda do Banco Amambay.
A suspeita é de que o Banco Paulista importava menos recursos que declarava importar do Banco Amambay. Quando um carregamento de dinheiro chegava, ele completava o valor declarado com recursos entregues ilegalmente pela Odebrecht em sua sede. Assim, o fluxo de saída e entrada de dinheiro do seu caixa era regularizado.
Investigadores desconfiam que essa manobra contábil era feita de forma combinada com o Banco Amambay, que enviava menos dinheiro do que declarava enviar. A diferença poderia assim ser distribuída no mercado paralelo paraguaio para que doleiros, por exemplo, pudessem dar continuidade às suas operações não declaradas de troca de dólar por real.
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