Lava Jato vai pedir extradição do ex-presidente paraguaio Horacio Cartes
A força-tarefa da Lava Jato no Rio vai solicitar a extradição do ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, alvo da Operação Patron. O político é suspeito de auxiliar o doleiro Dario Messer de fugir das autoridades brasileiras.
O pedido de extradição será formalizado pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pelas ações da Lava Jato na 1ª instância. Após o pedido ser entregue por vias diplomáticas, cabe às autoridades paraguaias a decisão de entregar ou não Cartes aos investigadores brasileiros.
Segundo o delegado Tacio Muzzi, superintendente da PF no Rio, a legislação paraguaia permite a extradição de cidadãos paraguaios para o exterior, prática que é vetada em diversos outros países.
"O Paraguai permite, a princípio, a extradição de nacionais. Compete à Justiça brasileira fazer o pedido de extradição, e cabe às autoridades paraguaias analisarem se aceitam o pedido", explicou.
O tema é sensível porque durante as investigações, a PF interceptou um diálogo em que a advogada paraguaia Leticia Bobeda, contratada por Messer para defender seus interesses no país, afirma que o então ministro do Interior do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, teria pedido um suborno de US$ 2 milhões. Hoje, Villamayor é chefe do Gabinete Civil da Presidência da República.
Ao jornal paraguaio La Nación, Villamayor confirmou ter recebido a advogada de Messer. Ele afirma estar à disposição das autoridades paraguaias e brasileiras para prestar esclarecimentos.
"Em algum momento a advogada María Leticia Bobeda pediu para falar comigo. A recebi com a presença de policiais e foi para iniciar o processo de entrega [de Messer às autoridades]", afirmou.
O procurador regional da República José Augusto Vagos, da Lava Jato do Rio, diz confiar que, diante dessa denúncia, as autoridades paraguaias darão uma resposta positiva ao pedido de extradição.
"Não podemos garantir que vai haver a extradição, mas em se tratando de um país que tem um ministro subornado para [evitar] uma extradição, pode ser um motivo para que seja deferida. Para mostrar seriedade ao mundo", argumentou.
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