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Após racha e desfiliação, PSB pede desculpa por eleição de governador da PB

O governador da Paraíba, João Azevêdo - Francisco Franca/Secom
O governador da Paraíba, João Azevêdo Imagem: Francisco Franca/Secom

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

04/12/2019 01h41Atualizada em 04/12/2019 11h22

Resumo da notícia

  • O governador da Paraíba, João Azevedo, anunciou que deixou o PSB
  • O partido chamou o governador de "traidor" e pediu "desculpas ao povo paraibano"

O governador da Paraíba, João Azevedo, anunciou ontem que deixa o PSB após um racha marcado por divergências no diretório local. Ele divulgou uma carta dizendo que a desfiliação ocorre "em busca da democracia perdida". Já o diretório estadual do partido respondeu em uma nota dura chamando o governador de "traidor", acusando-o de se alinhar com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pedindo "desculpas ao povo paraibano".

O impasse aconteceu com a intervenção nacional ao diretório estadual após uma série de renúncias e críticas de membros do partido ligados ao ex-governador Ricardo Coutinho. Isso levou a destituição do então presidente socialista local, Edvaldo Rosas (ligado a Azevedo), e uma nova eleição no diretório.

Em sua carta, Azevedo disse que tinha "exercido os limites da paciência", mas que esse limite "chegou com o PSB". Desde a dissolução do Diretório Estadual, em agosto deste ano, sucedido por uma intervenção nacional ou simplesmente pelo golpe aplicado - segundo companheiros de partido e a imprensa local, que o incômodo com a situação só se agravava e exigia, mais cedo ou mais tarde, uma tomada de decisão. E ela chegou. Saio do PSB em busca da democracia perdida", disse.

Ele afirmou que não tomou decisão antes "para que os ânimos pudessem ser serenados, o diálogo restabelecido e a ordem verdadeiramente democrática voltasse a predominar no PSB paraibano".

"O que se viu, no entanto, foi a falta de qualquer gesto ou atitude de autocrítica pelo terrível erro cometido com a bonita história de nosso partido na Paraíba. Nos nivelamos a legendas autocráticas, de ocasião, sem zelo pelos mandatos eletivos em andamento. E pensar que o partido acaba de realizar evento nacional para promover uma Autorreforma. Sem democracia interna não existem sequer reformas, imaginem autorreforma", afirmou.

Em resposta, o PSB afirmou que a decisão de Azevedo "não surpreendeu os paraibanos e apenas é a formalização de um ato de traição". "Ele escondeu de nós, seus ex-companheiros de partido e do povo paraibano que o elegeu, a sua verdadeira natureza, revelando-a por inteiro apenas depois de receber o maior cargo público do Estado."

O texto assegura que os paraibanos concederam "o voto para que a obra administrativa iniciada pelo PSB no governo de Ricardo Coutinho tivesse continuidade".

Azevedo foi secretário durante quase todos os oito anos de gestão de Ricardo Coutinho, que rompe agora com seu afilhado e segue no comando do PSB.

"O PSB se sente na obrigação de pedir desculpas ao povo paraibano por tê-lo feito acreditar que o técnico, o secretário e 'fiel escudeiro' do ex-governador Ricardo Coutinho, daria continuidade à gestão que transformou nosso estado. É principalmente ao povo paraibano que João traiu, porque nosso povo queria que o governo do estado, antes fatiado em conveniências e interesses políticos, continuasse sendo um lugar onde os filhos e filhas do povo continuassem a ter direitos iguais, e um governador que não compactue com tudo que representa retrocesso social, como acontece agora com o governo Bolsonaro", pontuou.

Para o PSB paraibano, apesar de seguir no cargo legalmente —já que a regra de fidelidade política não se encaixa para cargos do Executivo—, João Azevedo "jamais terá a legitimidade política, jamais poderá explicar a sua traição e perseguição aos que foram o alicerce para a que ele sentasse na cadeira de governador que hoje ocupa nem para desviar a finalidade do que foi construído com tanto esforço e compromisso coletivos".