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Bebianno fez o que pôde pelo Brasil, afirma Doria ao participar de enterro

João Doria, governador de São Paulo, viajou de helicóptero para ir ao enterro de Gustavo Bebianno em Teresópolis (RJ) - Reprodução
João Doria, governador de São Paulo, viajou de helicóptero para ir ao enterro de Gustavo Bebianno em Teresópolis (RJ) Imagem: Reprodução

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

14/03/2020 18h00Atualizada em 14/03/2020 19h51

O corpo do advogado Gustavo Bebianno, ex-secretário geral da Presidência, foi enterrado hoje à tarde no cemitério de Teresópolis (RJ), na região serrana, com presença de parentes e amigos. João Doria, governador de São Paulo e responsável pelo anúncio da pré-candidatura de Bebianno à prefeitura do Rio pelo PSDB na semana passada, fez uma viagem às pressas de helicóptero para comparecer ao sepultamento.

Aos 56 anos, o político foi vítima de um infarto fulminante por volta das 4h quando estava em seu sítio com o filho. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou nas redes sociais sobre a morte do homem que foi o pivô da primeira crise do seu governo.

Doria chegou ao cemitério após fazer uma viagem de quase duas horas acompanhado por Bruno Araújo, presidente do PSDB. Ele desembarcou na Granja Comary, local da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) dedicado a treinamentos da seleção brasileira.

Em entrevista, o governador de São Paulo diz ter conversado pelo WhatsApp com Bebianno pela última vez às 23h55 de ontem. Disse, ainda, que eles trocavam mensagens diariamente sobre assuntos ligados à política brasileira. E que fez questão de ir ao enterro pela relação de amizade com o advogado.

"Perdi um amigo. Por isso, fiz questão de vir aqui. É uma perda, também, para a política brasileira. Gustavo Bebianno foi um patriota. E fez o que pôde para ajudar o Brasil. Deixa, agora, um legado de um homem de coragem", disse.

Doria falou ainda sobre as mensagens que Bebianno dizia ter registradas sobre o governo Bolsonaro. "Ele falava de circunstâncias duras e chocantes. É provável [que revelações venham à tona]. Bebianno sempre fez questão de registrar tudo. Mas esse tema não cabe agora. Esse é o momento da solidariedade".

Mais cedo, ele lamentou a morte de Bebianno pelas redes sociais.

Segundo nota enviada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, um exame de necrópsia feito no IML (Instituto Médico Legal) constatou que Bebianno morreu em decorrência de um infarto agudo do miocárdio.

Presidente do diretório do PSDB do Rio de Janeiro, Paulo Marinho conversou rapidamente com o UOL hoje à tarde, pouco antes do enterro. Mais cedo, ele havia confirmado a informação da morte. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, disse que Bebianno morreu de tristeza por tudo o que passou.

Bebianno, que chegou a ser apontado como um dos homens mais influentes nos primeiros meses da Presidência de Bolsonaro, foi o pivô da primeira crise enfrentada pelo atual governo, se tornando desafeto e opositor do clã do presidente.

Em março de 2018, Bebianno se filiou ao PSL — partido pelo qual Bolsonaro concorreu à Presidência da República — e foi eleito vice-presidente da sigla. Pouco tempo depois, tornou-se presidente interino do PSL.

Em seguida, Bebianno se tornou o braço direito e o principal articulador da campanha do então futuro presidente. O advogado chegou a estar dentro do centro cirúrgico quando Bolsonaro levou uma facada em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral.

No entanto, já no segundo mês do governo, a relação entre Bebianno e Bolsonaro começou a ruir, quando Folha de S.Paulo denunciou o repasse de R$ 400 mil do fundo partidário do PSL para suposta candidatura "laranja" nas eleições.