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Bolsonaro chegou ao limite e não está preparado para tocar o país, diz Lula

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista ao UOL - UOL
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista ao UOL
Imagem: UOL

Do UOL, em São Paulo

25/03/2020 21h25

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "chegou ao limite" e "não está preparado" para governar o Brasil, depois de pronunciamento feito em rede nacional, ontem à noite, por causa da crise desencadeada pelo novo coronavírus.

"Eu penso que o presidente Bolsonaro chegou ao limite da compreensão das pessoas desse país. Ele, definitivamente, não está preparado para tocar o Brasil. Eu acho que o Bolsonaro não tem estatura (sic) psicológica para continuar governando. Ou esse cidadão renuncia ou fazem o impeachment dele. Porque não é possível que alguém seja tão irresponsável para brincar com a vida de milhões de pessoas", disse Lula, em transmissão realizada pelas redes sociais, ao lado de Fernando Haddad. (Assista ao vídeo completo abaixo)

Lula definiu o pronunciamento de Bolsonaro como "espetáculo de grosseria", e que esperava o mínimo de responsabilidade do presidente.

"O presidente não é obrigado a saber de tudo, mas quando você não sabe, você consulta a sociedade, os especialistas, os governadores... Coisa que, em nenhum momento, ele fez, já pressionado pela falta de competência em não tratar do coronavírus (...) Se ele agisse com responsabilidade, quem sabe a gente já tivesse munido de máscaras, respiradores e milhões de testes. Estou vendo os governadores se dedicarem. E o presidente da República precisa tomar juízo. Ou o Congresso fazer com que as coisas aconteçam", afirmou ele, emendando um recado direto. "[Bolsonaro] Seja responsável, converse com as pessoas, com movimentos sociais, e sem discutir quem tem razão ou não", aconselhou.

Apesar das críticas, Lula já disse em entrevista ao UOL que não pensa "em pedir o impeachment de Jair Bolsonaro só por não gostar dele".

Dilma: "Pronunciamento infame e irresponsável"

Mais cedo, Dilma Rousseff também fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro, afirmando que ele estava contribuindo para a morte de "milhares ou milhões de pessoas", depois de fazer pronunciamento pedindo o fim do isolamento.

"O pronunciamento infame e irresponsável de Bolsonaro em cadeia nacional revela o seu desprezo pela ciência, pela saúde e pela vida da população. Bolsonaro faz uma aposta no escuro. Aposta em manter o apoio das camadas sociais que o elegeram, e não apenas sua milícia", inicia ela, em tom crítico. "O governo Bolsonaro continua sem propostas, sem medidas econômicas e sociais drásticas para conter o coronavírus e a crise econômica. Há que despejar dinheiro no SUS e nos hospitais para impedir que nosso povo morra como moscas."

No texto, Dilma diz ainda que o atual chefe do Executivo "desdenha da gravidade e do poder mortal da epidemia", sem ao menos apresentar medidas eficientes de combate.

"Bolsonaro contribuirá para a morte de milhares ou até de milhões de pessoas, tanto na área da saúde quanto devido às consequências econômicas sobre a renda", avalia.

Bolsonaro: "Gripezinha"

Bolsonaro declarou, ontem à noite, que a rotina no país deveria retornar à realidade e que a imprensa brasileira espalhara o pânico em torno do coronavírus, o qual voltou a chamar de "gripezinha".

Em pronunciamento em rádio e televisão, Bolsonaro também criticou governadores por determinarem quarentena - -com fechamento de comércio e fronteiras— e questionou o motivo pelo qual escolas foram fechadas. Durante os pouco mais de cinco minutos de fala do presidente, vários panelaços contra ele foram realizados em cidades brasileiras.

"O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar, empregos devem ser mantidos, o sustento das famílias deve ser preservado, devemos, sim, voltar a normalidade", disse.