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OPINIÃO

Schelp: Para se aproximar do governo, médico só precisa defender cloroquina

Do UOL, em São Paulo

12/04/2020 04h00

O ex-ministro da Cidadania, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) foi cogitado durante a última semana para o lugar de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde. O cardiologista Roberto Kalil Filho foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no pronunciamento da última terça-feira, depois de revelar o uso da cloroquina em seu tratamento contra o novo coronavírus. A oncologista Nise Yamaguchi também ganhou força com o presidente depois de defender o medicamento.

No podcast Baixo Clero #31, os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan analisam a aproximação do presidente a outros médicos ao passo que defendem publicamente o uso do medicamento em casos da covid-19, ainda que sem comprovação científica de eficácia.

"Qualquer médico com pretensões políticas que quiser se aproximar do Bolsonaro, só precisa dizer que a hidroxicloroquina é uma maravilha, que já tem lugar no coração dele. Porque o Bolsonaro é esse tipo de líder. Se tem alguém que diz o que ele quer ouvir, essa pessoa consegue se aproximar. É por isso que ele tem um núcleo ideológico que é tão aderente ao cargo, apesar de tudo o que dizem e fazem. Por que eles falam e fazem o que ele gostaria que eles fizessem sem nenhuma contradição", afirma Diogo Schelp (disponível no vídeo acima a partir de 6:12).

"Eu só fico um pouco na dúvida, eu não conheço o doutor Roberto Kalil pessoalmente, mas eu fico na dúvida se ele se serviria a esse papel. Ele próprio disse que não tem certeza se foi curado com a hidroxicloriquina, apesar de ter usado, então fica essa questão no ar", completa o jornalista.

Um ponto que chama a atenção de Maria Carolina Trevisan é o fato de Kalil e Yamaguchi terem ligações com políticos antecessores a Bolsonaro. O cardiologista foi médico do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, enquanto a oncologista integrou a equipe de José Gomes Temporão, então ministro da Saúde no governo Lula.

"É bem interessante o painel de médicos que se compôs nessa semana. Se a gente fora analisar, a gente tem o David Uip, que está ligado ao governo Doria, a gente tem o Mandetta, que é o ministro (?). O Dr Kalil, era o médico na internação da dona Marisa, foi ele que deu a notícia do falecimento dela, tem o Osmar Terra flutuando como interessado nessa cadeira do ministério. E o presidente Bolsonaro trouxe também uma outra médica, que é a Nise Yamaguchi, que é uma oncologista bastante respeitada, inclusive fez parte da equipe do Temporão", cita Trevisan (no vídeo a partir de 4:25).

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