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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #31: Bolsonaro quer ser pai da cura e culpar estados por crise

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Do UOL, em São Paulo

10/04/2020 04h00

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manteve o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo depois de mais uma semana turbulenta entre eles e reforçou em mais um pronunciamento em TV e rádio o discurso defendendo o uso da hidroxicloroquina como solução no combate à pandemia do novo coronavírus, enquanto se mantém contrário ao isolamento social indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo seu próprio ministério.

No podcast Baixo Clero #31, os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan analisam mais uma semana turbulenta na política nacional e as pretensões do presidente da República com a hidroxocloroquina, que nas redes sociais ganhou o termo "remédio do Bolsonaro" na politização do tratamento que ainda não tem evidência científica de sua eficácia.

"A estratégia do Bolsonaro é se apresentar como o pai da cura. Se a hidroxicloroquina for eficaz, ele vai sair como o grande Messias do remédio. Ao mesmo tempo, ele diz que a culpa do desemprego é dos governadores e prefeitos. No pronunciamento, ele disse que as medidas eram exageradas e que ele não tinha nada a ver com isso", afirma Diogo Schelp (disponível no vídeo acima a partir de 18:00).

"Ele quer ter o bônus da cura, se a cura, de fato, se comprovar, e não ter nenhum ônus do desemprego, que ele está jogando nas costas dos governadores. Essa é a aposta dele. É arriscada, porque a cura pode não estar neste remédio, mas, ao mesmo tempo, ao jogar para os governadores o ônus do desemprego, ele fica no 0 a 0, mesmo se a cloroquina não se provar eficaz. Me parece até ter muita esperteza na estratégia do Bolsonaro", completa o jornalista.

Em meio à politização da hidroxicloriquina, já há governadores e prefeitos que também adotaram um discurso de defesa, ainda que moderada, do uso do medicamento contra a covid-19.

"Para neutralizar e estratégia do Bolsonaro de apresentar a cloroquina como o remédio dele, o pai do remédio, o que os governadores estão fazendo para neutralizar isso? Eles estão defendendo a cloroquina. O próprio [infectologista David] Uip falou que ele mesmo havia indicado que se fizesse teste com a cloroquina. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), disse que vai adotar nos hospitais de São Paulo. Se funcionar, ninguém vai poder ser acusado de ter se colocado contra o remédio", finaliza Schelp (a partir de 22:33).

O episódio também aborda a forma como o ministro Luiz Henrique Mandetta respondeu depois de ser mantido no cargo com influência dos militares, a aproximação de outros médicos a Bolsonaro, o pagamento do auxílio emergencial pelo governo e o quadro Frigideira, com Schelp e Trevisan apontando quem não foi bem na política na semana.

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