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Ministro da Educação bate boca com jornalista ao ser perguntado sobre Teich

Abraham Weintraub demonstrou contrariedade ao ser perguntado sobre saída de ministro da Saúde - CNN Brasil/Reprodução
Abraham Weintraub demonstrou contrariedade ao ser perguntado sobre saída de ministro da Saúde Imagem: CNN Brasil/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

15/05/2020 19h23

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se desentendeu hoje com a jornalista Monalisa Perrone, da CNN Brasil, durante uma entrevista no canal.

No início da conversa, Weintraub foi questionado a respeito da saída de Nelson Teich, ministro da Saúde, do governo. Weintraub, no entanto, demonstrou contrariedade com a pergunta, já que teria sido pautado para uma entrevista sobre o Enem de 2020.

"Não era o combinado da entrevista. A única coisa, com qualquer relação interpessoal, é que quando a gente combina uma coisa, a gente não deve descumprir. A palavra deve ser honrada. Eu combinei de falar do Enem", disse Weintraub.

"Acho que isso não contribui muito. É a primeira entrevista que você (Monalisa) faz comigo e chega descumprindo o combinado", acrescentou.

"O senhor é um representante do governo, e estamos perguntando de um colega do senhor", respondeu Monalisa.

"Eu só estou salientando que, nesse processo, quando pedi para fazer a entrevista, pedi à Renata (Agostini) e ao Caio (Junqueira, jornalistas da CNN), sabia que eles não fariam a pergunta", rebateu o ministro.

"O senhor fique à vontade, se o senhor não quiser falar", disse Monalisa.

Depois de constrariedade com a abordagem, Weintraub respondeu sobre a saída de Nelson Teich.

"Eu só queria comentar rapidamente que, nesse processo de construção de relação profissional, seria bom a gente seguir o que foi combinado. Mas vou responder. São 22 ministros, eventualmente ocorrem mudanças. Acho que é um dos governos com menor grau de trocas da história do Brasil. O ministro Teich, eu tive um contato muito rápido com ele. Até comentei: 'você vai pegar um rabo de foguete, uma situação muito dura'", relatou.

"Pelo que eu escutei, houve um desconforto dele com questões pessoais também. Vejo com naturalidade. Quem está substituindo é alguém que conheço, muito competente. Não vejo grande risco à questão nacional com a função dessa troca. Para mim, infelizmente, o Teich avaliou mal a questão do desafio; diante desse erro, temos que respeitar. Não saiu brigando. Preferia que tivesse dado certo, mas não deu, é vida que segue. O general (Eduardo) Pazuello (ministro interino da Saúde), fiquei impressionado das reuniões que tive que com ele", completou.

Futuro do Enem

A respeito do Enem, Weintraub afirmou que não pensa, no momento, em adiar a realização das provas em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

"O presidente da Câmara falou (ontem) com o presidente Bolsonaro, mas em momento algum o presidente falou de adiar. Foi a presidência da Câmara que falou que ele ficou sensibilizado (com a possibilidade). Há uns desejos que grupos organizados, de oposição, não de adiar, mas suspender, cancelar ou postergar indefinido, sem data certa. Tenho apresentado com dados técnicos para dizer que é cedo para falar para adiar o Enem. Só começa a acontecer em novembro, com a segunda volta em dezembro. Agora estão acontecendo as inscrições", disse.

"Estamos levando em consideração a contaminação pela covid, sendo que isso vai ser um pouco mais caro à elaboração da prova, porque vamos precisar espaçar as carteiras caso até novembro não tenhamos vacina e a situação continue grave. Do ponto de vista de saúde, vemos o risco da realização do Enem muito menor do que uma eleição (em outubro). Envolve um grupo muito menor de pessoas."

Apesar de não confirmar um possível adiamento neste momento, Weintraub reconheceu que a decisão pode ser tomada a partir de agosto, mediante nova avaliação. "Em agosto, a gente pode retomar o assunto e a gente vê. Nesse momento, considero precipitado, equivocado", afirmou.

Ao encerrar a entrevista, Monalisa expressou sua contrariedade com a manifestação inicial de Abraham Weintraub, antes de voltar a abordar na programação a saída de Teich.

"Agora nós vamos falar, então, sobre o assunto do dia, que tem que ser perguntado para qualquer um. Não existe censura em relação a ninguém. Vamos falar, então, sobre o assunto do dia, sim, e agora com educação e respeito."