Heleno errou tom de nota, mas decisão de ministro é 'estranha', diz Janaína
Janaína Paschoal (PSL), deputada estadual em São Paulo, achou "meio estranho" o pedido de apreensão dos celulares do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), solicitada por PDT, PSB e PV em notícia-crime enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido foi encaminhado pelo ministro Celso de Mello à Procuradoria-Geral da República (PGR).
A avaliação foi feita por ela hoje no UOL Entrevista. A deputada ainda viu um tom "muito exagerado" na nota assinada pelo general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que citou "consequências imprevisíveis" caso o presidente tenha que entregar o aparelho.
"Eu acho que o tom está muito exagerado. Imagino que o ministro (Heleno) esteja falando por ele, digamos assim, que essa é a percepção dele. Não acredito que seja algo institucional, que ele fale pelas Forças Armadas. Parece uma visão pessoal do ministro", disse a deputada.
"Mas confesso que achei a decisão do ministro Celso de Mello — claro que não compactuo com essa mensagem — meio estranha. Não temos acesso a tudo que tem no inquérito, pode ser que algo no inquérito justifique a decisão. Mas é meio incomum. Do ponto de vista jurídico, os pedidos de diligência vêm da Polícia ou do Ministério Público. Até tem muitos processualistas que criticam o Ministério Público pedir diligências, entendem que só Policia pode fazer. Eu não tenho essa visão, mas é incomum", acrescentou.
Para a deputada, o pedido do STF pode reforçar narrativas de apoiadores do presidente a respeito de uma suposta perseguição política.
"Me parece desproporcional. E no contexto polarizado que vivemos, eu penso que é um desserviço, porque acaba confirmando as teorias conspiratórias que o presidente e seus seguidores vêm alardeando há tanto tempo. A gente — as pessoas de centro, que procuram fazer uma ponderação — vem fazendo um trabalho para dizer que não há isso. Achei desproporcional, que veio em uma má hora", declarou.
A deputada, no entanto, reforçou sua opinião de que houve um erro "no tom" da nota do General Heleno.
"Acho que o General Heleno exagerou no tom. Não precisaria. Se você lembrar, toda vez que o General Villas Boas (ex-comandante do Exército) se manifestava sobre o que ele via como excessos, era sempre em um tom bem ponderado, de conciliação. O General Heleno é mais explosivo, então acredito que tenha colocado uma visão mais pessoal dele naquela mensagem do que uma efetiva ameaça institucional", reforçou.
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