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Pró-armamento, Bolsonaro usa gravata estampada com fuzis

O presidente Jair Bolsonaro usa gravata estampada com fuzis - Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro usa gravata estampada com fuzis Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

28/05/2020 11h53Atualizada em 28/05/2020 12h47

Um detalhe chamou atenção na roupa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) hoje na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília: a gravata escolhida por ele trazia fuzis estampados. Como faz diariamente, Bolsonaro falou com apoiadores na saída do local e discursou para jornalistas.

Defensor do armamentismo, o presidente reforçou o interesse em liberar o uso de armas na reunião ministerial do dia 22 de abril. O vídeo se tornou público na sexta-feira (22), após decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele derrubou o sigilo da reunião e determinou que a maior parte da gravação fosse liberada, exceto trechos que tratavam de outros dois países e que não estavam relacionados ao inquérito que apura se Bolsonaro interferiu politicamente na PF (Polícia Federal).

Na ocasião, Jair Bolsonaro afirmou que "quer todo mundo armado" e que está armando a população porque não quer uma ditadura no Brasil. Ele disse, ainda, que a população, quando armada, "jamais será escravizada". O presidente também afirmou que quem não concordar com o armamento não deve ficar em seu governo.

Críticas ao STF: "acabou, porra"

No discurso de hoje na porta do Alvorada, Bolsonaro fez duras críticas ao STF. Ele disse que a operação de ontem autorizada pelo STF e realizada pela PF (Polícia Federal) no inquérito das fake news é inadmissível, e que tudo tem um limite. Ele chegou a falar um palavrão para dizer que a situação vai acabar.

Bolsonaro questionou especialmente as decisões monocráticas de ministros da Corte, como ocorreu ontem - a autorização para a operação foi dada por Alexandre de Moraes.

"As coisas têm limite. Ontem foi o último dia e peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar mais poderosas que outros que se coloquem no seu devido lugar, que respeitamos. E dizer mais: não podemos falar em democracia sem Judiciário independente, Legislativo independente para que possam tomar decisões. Não monocraticamente, mas de modo que seja ouvido o colegiado. Acabou, porra!", disse, em discurso transmitido pela CNN Brasil.

"Mais um dia triste na nossa história. O povo tenha certeza, foi o último dia triste. Queremos paz, harmonia, independência e respeito e democracia acima de tudo. A liberdade de expressão é sagrada entre vocês e mídia alternativa. Os dois lados vão conviver", disse, se referindo à operação de ontem.

Bolsonaro ainda voltou a criticar a decisão do ministro Celso de Mello de divulgar o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. Ele eximiu os ministros Abraham Weintraub (Educação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) pelas declarações que vieram a público e acusou o decano de abuso de autoridade por derrubar o sigilo do conteúdo da reunião.

"Ele (Celso de Mello) é o responsável. Peço pelo amor de Deus que não prossiga esse tipo de inquérito a não ser que seja pela lei do abuso de autoridade, que está bem claro de quem divulga vídeos, imagens, ou áudios do que não interessa ao inquérito. Está lá, um a quatro anos de detenção. O criminoso não é o Weintraub, não é o Salles, não é de nenhum de nós. A responsabilidade de tornar público aquilo é de quem suspendeu o sigilo de uma sessão cujo vídeo foi chancelado como secreto", afirmou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.