Topo

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro reclama de repercussão de atos: doutrinação formando militantes

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

08/06/2020 11h06Atualizada em 08/06/2020 13h19

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou hoje a atacar os protestos do fim de semana que tiveram como bandeiras o antirracismo, a defesa da democracia e críticas ao governo. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, ele afirmou que a mobilização realizada em várias cidades do país é reflexo do que ele entende ser uma "doutrinação em cima do Brasil" que "cada vez mais forma militantes".

Ontem, ocorreram manifestações contra o governo no país inteiro, mais notadamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Os protestos acabaram encorpadas pelo movimento negro, inflamado no mundo todo com o assassinato do americano George Floyd. Aqui, casos de pessoas vítimas de violência policial, como João Pedro e Ágatha Félix também foram lembrados.

Na última sexta-feira (5), o presidente já havia se referido aos manifestantes como "terroristas, marginais, maconheiros e desocupados".

"Ontem para a grande mídia só os democratas, sem comentários. Mas são 30 anos de doutrinação em cima do Brasil, massificação, cada vez mais formando militantes. E tem gente que não faz por maldade, é que está na cabeça dele mesmo", disse Bolsonaro, para quem existe "muitos interesses de dentro e de fora". A conversa foi exibida posteriormente por perfis em seu apoio nas redes sociais.

O presidente ainda falou que o que foi visto na rua ontem é o "grande problema no momento".

"Tão começando a botar as mangas de fora", disse.

Mais cedo, o presidente postou uma imagem de um boneco de cabeça para baixo, com uma faixa presidencial no peito, e questionou se aqueles manifestantes eram os verdadeiros democratas.

Diante da concordância dos apoiadores, Bolsonaro ainda falou em guerra para o Brasil não virar uma Venezuela, país que é governado pela esquerda. "A gente vai vencer essa guerra, o Brasil não vai para a esquerda, não vai afundar, não vai virar uma Venezuela", disse.

Bolsonaro disse que não coordena os movimentos a seu favor, que ontem tiveram menor adesão depois de pedidos do próprio presidente na última semana para evitá-los. "Ontem não era o caso (de seus apoiadores irem para a rua), eu não coordeno esse movimento".

No começo da conversa, Bolsonaro ainda repetiu que pegou um país com problemas e é preciso paciência para que ele consiga implementar as medidas desejadas por apoiadores.

"Pessoal, vocês têm que entender como eu peguei esse país. Vocês tem razão de pleitear, mas eu peguei um corpo com câncer em tudo quanto é lugar. Um médico não pode de uma hora para outra resolver esse problema todo".

Ainda no sentido de dizer que é difícil "resolver os problemas" do Brasil, ele disse. "Vou indicar o primeiro ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) agora em novembro, a gente vai arrumando as coisas devagar aqui".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.