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Maia diz que, 'na prática', Bolsonaro não quer atuar contra democracia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e opresidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto -
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e opresidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

10/06/2020 19h11

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está, "na prática", empenhado em fazer algo que possa prejudicar a democracia no Brasil, apesar de falas ou ações que dão uma "sinalização dúbia".

"Acho que, na prática, não. Na vocalização, algumas vezes, né? Quando ele ameaçou o Supremo, por exemplo. Quando ele vai a uma manifestação que pede o fechamento do Congresso e do Supremo em frente ao QG do Exército. São todas sinalizações muito ruins, sem dúvida nenhuma", afirmou Maia.

"Agora, na prática...por exemplo, ele disse que o ministro da Educação não ia depor. Ele foi e depôs. Então, ele está respeitando as instituições. Na vocalização às vezes dá uma sinalização dúbia, mas, na prática, de forma nenhuma ele tem desrespeitado as instituições", completou.

Bolsonaro tem participado de atos a favor do governo com aglomerações e que também têm como pautas críticas ao distanciamento social, aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e a parlamentares. Em várias ocasiões, foram fixadas faixas com pedidos de fechamento do Supremo e do Congresso, o que atenta contra a Constituição Federal, por seus apoiadores.

Declarações de Bolsonaro ou de seu entorno com críticas a ministros e ações do Supremo, além de críticas a parlamentares, também geraram instabilidade política nos bastidores nas últimas semanas. Um dos momentos mais nervosos foi quando o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, soltou nota afirmando que, se acatado, um pedido de apreensão dos celulares de Bolsonaro e de seu filho, Carlos Bolsonaro, poderia ter "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional".

O pedido foi feito pelo PDT, PSB e PV em notícia-crime enviada ao STF e encaminhada pelo ministro Celso de Mello à PGR (Procuradoria-Geral da República) para avaliação. Celso de Mello acabou indeferindo o pedido de apreensão.

A petição foi apresentada no âmbito do inquérito que investiga a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal a partir de acusações feitas por Sergio Moro quando de sua demissão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, no final de abril.

Quanto aos pedidos de impeachment protocolados na Câmara, sob sua responsabilidade de análise para começarem a tramitar, Maia disse fazerem parte dos preceitos democráticos e que agora a prioridade deve ser o combate à pandemia, com conflitos políticos para um segundo momento.

Questionado sobre os protestos aos finais de semana contra e a favor do governo, Rodrigo Maia disse ser crítico às aglomerações por causa do risco de transmissão do coronavírus, embora tenha ressaltado que os atos sejam parte da democracia.

Ele criticou, porém, atos que pediram o fechamento do Congresso e do Supremo e afirmou que violências e vandalismos costumam ocorrer motivados por pequenos grupos que se aproveitam para "criar confusão".

Como antes, Maia evitou criticar a aproximação de Bolsonaro com partidos que formam o grupo informal do centrão para formar uma base aliada no Congresso em troca de cargos na administração pública. Ele considerou apenas que as conversas poderiam ter sido divulgadas de maneira mais transparente perante a sociedade.

As declarações foram dadas em transmissão ao vivo nas redes sociais da apresentadora Leda Nagle.

Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse ainda que a fala do presidente Jair Bolsonaro em defesa do corte de salários de senadores e deputados federais para a continuidade do auxílio emergencial de R$ 600 à população de baixa renda foi uma "provocação", ainda que democrática.