Ministro de Bolsonaro critica cobranças vindas de apoiadores: 'Não é assim'
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, reforçou sua posição hoje de respeito às instituições e aproveitou para criticar as cobranças que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sofrido dos seus próprios apoiadores. Oliveira pediu que aqueles que querem uma posição mais dura de Bolsonaro no enfrentamento aos poderes Legislativo e Judiciário tenham mais moderação nas críticas.
"O presidente tem sido injustamente cobrado por aqueles que não apoiam e até recentemente por aqueles que apoiam, por entender que ele tem que ser mais efetivo, mais duro, bater mais de frente, e não é assim. Temos que entender, respeitar as instituições", disse o ministro em entrevista à "CNN Brasil".
Oliveira foi um dos integrantes do governo que se manifestaram contra um protesto que lançou fogos de artifício em direção ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília, na noite do último sábado (13). "Ataque ao STF ou a qualquer instituição de Estado é contrário à nossa democracia", escreveu o ministro no Twitter.
Por outro lado, Oliveira cobrou que outros poderes também respeitem o Executivo, assim como ele acredita que o governo tem respeitado o Legislativo e, principalmente, o Judiciário, que tem sido protagonista em questões como o inquérito das fake news.
"Minha manifestação de ontem não é uma defesa exclusiva do STF, é defesa dos poderes da República, da harmonia que a gente tem que ter, da independência que temos que ter. Assim como nós respeitamos os demais poderes, a gente também espera que os poderes respeitem o poder executivo, respeitem o presidente eleito", afirmou o ministro de Bolsonaro.
Como exemplo, Oliveira lembrou a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal. A indicação de Bolsonaro foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes no STF, que alegou uma suspeita de interferência do presidente na corporação. A questão foi levantada pelo ex-ministro Sergio Moro no momento da sua saída do governo.
"Temos aqui em diversos momentos ações do presidente sendo questionadas tanto pelo parlamento quanto pela suprema corte. Recentemente, vemos a questão do delegado Ramagem, um profissional altamente qualificado", apontou o ministro, reforçando que o presidente acatou a decisão do STF à época, recorrendo depois.
"Afronta ao governo"
Paro o ministro, um dos episódios de maior conflito entre os poderes até agora foi a divulgação na íntegra do vídeo da reunião ministerial realizada em 22 de abril. A decisão do ministro do STF Celso de Mello, segundo Oliveira, representou uma "afronta" porque ultrapassou os limites da investigação sobre as declarações de Moro a respeito da influência de Bolsonaro na PF.
"A filmagem daquela reunião tinha que ser apenas um lastro probatório da acusação que fazia o ex-ministro (Moro) em relação a uma pseudo interferência do presidente na gestão da PF. Por liberalidade, por uma decisão monocrática, foi externado todo o conteúdo da reunião. Aquilo foi de fato, a meu ver, uma afronta ao governo, extrapolou o limite daquele inquérito", disse o ministro.
"Quando se externou toda aquela reunião, tratando coisas reservadas de vários ministros, aquilo extrapolou, e de fato o advogado-geral da união tem tomado as providências", completou Oliveira, lembrando que a AGU (Advocacia-Geral da União) pediu a divulgação apenas parcial do vídeo do STF.
Palavrão como questão cultural
A reunião expôs uma fala polêmica do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em que ele diz que, por ele, "botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF". Além disso, Bolsonaro também foi questionado pelo tom informal da reunião, em que cobra seus ministros com palavrões a todo momento.
"A questão do palavrão a gente tem que parar às vezes, assim, de certas posturas protocolares. Palavrão é da cultura do brasileiro", opinou Oliveira. "Eu prefiro muito mais a autenticidade dele (Bolsonaro) do que a polidez de palavras de pessoas que levaram o país aonde nós chegamos", concluiu o ministro.
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