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'Não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca', diz Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

17/06/2020 10h17Atualizada em 17/06/2020 12h32

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a se pronunciar após aliados do governo federal terem sigilos fiscais quebrados a mando do STF (Supremo Tribunal Federal) e virarem alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF). Em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo afirmou hoje que "não será o primeiro a chutar o pau da barraca".

Ao ouvir uma apoiadora que fazia parte do grupo de extrema-direita 300 pelo Brasil afirmar que seria presa, Bolsonaro se irritou com o que considerou conselhos da mulher e disse saber o que está fazendo.

"Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando, isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, no dia de hoje, quebrando sigilo parlamentar, não tem história nenhuma vista numa democracia, por mais frágil que ela seja. Está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar", disse.

O presidente também disse que não deve nada a ninguém e que está chegando a hora de "acertar o Brasil".

"Agradeço sua observação, mas só paro aqui para conversar com vocês porque sempre sou tratado com respeito. Não devo nada para ninguém do que estou fazendo. Está chegando a hora de acertarmos o Brasil no rumo da prosperidade e todos, sem exceção, entendermos o que é democracia. Democracia não é o que eu quero, nem o que você nem um outro poder quer. Está chegando a hora, fique tranquila."

'Medidas legais'

Foi a segunda vez que o presidente falou sobre o tema em um curto espaço de tempo. Ontem à noite, Bolsonaro afirmou que não pode "assistir calado" enquanto "direitos são violados e ideias são perseguidas". Por isso, vai tomar "todas as medidas legais" para proteger os brasileiros.

No Twitter, o presidente disse que "os abusos presenciados por todos nas últimas semanas foram recebidos pelo governo com a mesma cautela de sempre, cobrando, com o simples poder da palavra, o respeito e a harmonia entre os poderes". Bolsonaro escreveu no Twitter que "é o povo que legitima as instituições, e não o contrário", o que, para ele, caracteriza uma democracia.

Operação envolve aliados do presidente

Além da operação de busca e a apreensão da Polícia Federal que envolveu 21 aliados bolsonaristas, incluindo o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático (de comunicações) de 11 deputados federais. Estão na lista Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), muito próximas a Bolsonaro.

As investigações apuram o financiamento de manifestações de cunho antidemocrático que pedem uma intervenção militar no Brasil e o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional.

Bolsonaro disse ainda que terrorismo é "meter carro-bomba em guarita do Exército", e não "isso que alguns estão achando por aí". O presidente disse ainda que "vai chegar a hora", sem, no entanto, dizer ao que estava se referindo.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.