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Bebianno alertou Bolsonaro de que caso Queiroz era grave, diz Marinho ao MP

A informação foi divulgada pelo empresário Paulo Marinho, em depoimento ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro  - FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A informação foi divulgada pelo empresário Paulo Marinho, em depoimento ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro Imagem: FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

28/07/2020 18h21Atualizada em 28/07/2020 19h51

Em depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro no dia 21 de maio, o empresário Paulo Marinho afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alertado por Gustavo Bebianno, coordenador de sua campanha eleitoral em 2018, a respeito da gravidade do caso que envolve Fabricio Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O vídeo do depoimento de Marinho foi obtido pelo Blog do Camarotti, do G1.

De acordo com o blog, o empresário fala no depoimento sobre uma reunião que aconteceu em sua casa no dia 13 de dezembro de 2018, na qual estaria Flávio Bolsonaro. Na ocasião, o amigo de infância de Flávio, Victor Granado, teria falado sobre o esquema para receber informações vazadas de um delegado da PF.

Após a reunião, Marinho teria ligado para Bebianno para dizer que "essa história é mais grave do que parece".

Bebianno, então, teria ido ao escritório da transição do presidente para conversar sobre o assunto. Ele teria levado Jair Bolsonaro a um banheiro por dez minutos, relatando o ocorrido.

"Ele [Bebianno] liga para mim e diz o seguinte: 'entrei na sala do presidente, no escritório da transição. Tinha muita gente na reunião. Eu [Bebianno] chamei o presidente e disse: 'é urgente'. (...) Levei o presidente para o banheiro da sala e fiquei dez minutos dentro do banheiro, contando para ele a história que você [Marinho] me contou. E o presidente me pediu que voltasse para o Rio para acompanhar esse assunto'".

Foi esse o relato de Bebianno a Marinho sobre o encontro que teve com Jair Bolsonaro, segundo o depoimento do empresário ao MPF.

Além de coordenar a campanha de Bolsonaro à Presidência, Gustavo Bebianno integrou a equipe de transição e foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ele deixou o cargo em fevereiro de 2019, após conflito com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Bebianno morreu em março deste ano, vítima de um infarto fulminante.

Em contato com o UOL, a assessoria do senador Flavio Bolsonaro disse que "as afirmações de Paulo Marinho têm objetivo simples: manipular a Justiça em interesse próprio. Marinho parece desesperado por holofotes e por um cargo público. Inventa narrativas para tentar ocupar uma vaga no Senado sem passar pelo crivo das urnas. A defesa informa ainda que o parlamentar já prestou todos os esclarecimentos a respeito do tema. E o senador nega, categoricamente, o que foi dito por Marinho".

Flávio Bolsonaro prestou depoimento semana passada

Flávio Bolsonaro afirmou no último dia 20, após prestar depoimento ao Ministério Público Federal, que o empresário Paulo Marinho "quer se promover" e que está interessado em sua vaga no Senado.

"Ele [Paulo Marinho] deve ter se aproveitado da máquina pública para se promover, mas para cima de mim, não. Ele teve um depoimento diferente do meu, foi uma escolha dele, que pelo que parece está mais interessado na minha vaga no Senado do que em tomar conta da própria vida", disse o senador.

O empresário é suplente de Flávio no Senado e cedeu sua casa no Rio para ser "quartel-general" da campanha de Bolsonaro para a Presidência em 2018.

O MPF apura se membros da Polícia Federal anteciparam a Flávio etapas da investigação que levou à Operação Furna da Onça, deflagrada em novembro de 2018, como relatado por Paulo Marinho em entrevista à Folha de S.Paulo em maio.

"As pessoas têm que entender é que para construir sua vida política tem que ter seus próprios méritos, não querendo tacar pedra nos outros", afirmou Flávio ao deixar o Senado, onde prestou depoimento para procurador da República Eduardo Benones em seu gabinete.

O senador disse considerar "página virada" as suspeitas lançadas contra ele por Marinho e disse esperar que a PF e a Procuradoria adotem providências contra o que ele chamou de "mentiras".

"Vou continuar trabalhando muito pelo Rio de Janeiro e isso aí é página virada. Espero que o Ministério Público do Rio e a Polícia Federal depois tomem as providências contra as mentiras que ele inventou", disse o senador.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.