Jornal: delação de ex-secretário do RJ tem conversas gravadas com políticos
O ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, vai usar conversas que gravou com vários políticos em seu acordo de delação premiada firmado com a PGR (Procuradoria-Geral da República). Santos ficou preso por quase um mês e é investigado por participação em um esquema criminoso que teria desviado recursos públicos em contratos emergenciais durante a pandemia do coronavírus. As informações são do jornal O Globo.
A publicação ouviu fontes que tiveram acesso ao acordo de delação, ainda não divulgado pela PGR. Segundo a reportagem, Edmar teria se sentido "fritado" por ser apontado como chefe do esquema pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) no início das investigações. Agora, a própria PGR aponta o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) como ocupando a "cúpula" do suposto esquema.
A soltura de Santos e o acordo de delação são consequência de um pedido da PGR para concentrar as investigações sobre o caso. A alegação da subprocuradora-geral Lindôra Araujo, que elaborou o parecer enviado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), é de que Witzel liderava o esquema e, portanto, a investigação deve respeitar o foro por prerrogativa de função - o chamado foro privilegiado - do governador.
Segundo O Globo, a delação premiada de Santos já foi homologada pelo STJ e nela o ex-secretário admite a existência do esquema. Além de colocar à disposição da PGR conversas gravadas com políticos que incluem Witzel e o pastor Everaldo Dias Pereira, presidente do PSC, Santos também se comprometeu a devolver R$ 8,5 milhões aos cofres públicos, valor encontrado pela operação do MP-RJ no dia em que prendeu o ex-secretário.
Uma pessoa que teve acesso à delação confirmou que Santos usará as conversas para incriminar políticos e empresários. "Edmar responsabiliza outras pessoas, recebia ordens inclusive de um político que não trabalha no Palácio Guanabara. Também teve empresários e deputados envolvidos", disse a fonte.
As provas apresentadas por Santos também incluiriam mensagens de áudio e texto, inclusive com deputados estaduais da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). O material detalharia o processo de superfaturamento de contratos no combate à pandemia, que acabaram resultando em apenas dois de sete hospitais de campanha entregues e mil respiradores, no valor de R$ 36 milhões, que nunca chegaram ou não eram adequados para o uso.
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