Bolsonaro fala em governo sem corrupção, mas não cita ministros nem Queiroz
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que um governo sem corrupção não é uma virtude, mas uma "obrigação". No entanto, ele não citou ministros ou familiares investigados, como Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), nem o ex-assessor de Flávio e amigo da família Fabrício Queiroz.
Até o momento, não há suspeitas de corrupção no governo federal de Bolsonaro. O presidente, porém, vê aumentar nos últimos meses a quantidade de pessoas investigadas ao seu redor.
"O que fazemos, o que parte da imprensa apenas publica no tocante a um governo sem corrupção, isso não é virtude, isso é obrigação de cada um de nós", declarou, em formatura de paraquedistas no Rio de Janeiro.
Bolsonaro participou de solenidade de formatura de 749 novos paraquedistas das Forças Armadas na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Ele viajou ao Rio ontem para inaugurar uma escola cívico-militar e participar de uma cerimônia de passagem do Comando Militar do Leste. A previsão é que o presidente retorne a Brasília hoje à tarde, informou a assessoria da Presidência da República.
"Hoje o paraquedista não apenas salta da rampa. Hoje ele sobe a rampa do Planalto Central para mostrar a todos do Brasil que temos honra na condução das questões públicas e queremos, sim, um Brasil muito melhor do que aquele que recebi em janeiro do ano passado", afirmou.
Casos envolvendo ministros e filhos
No início de agosto, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), confessou ter recebido R$ 300 mil em caixa 2 com recursos da JBS durante as campanhas eleitorais em 2012 e 2014. Ele fez acordo de não persecução penal com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e tem como condição o pagamento de R$ 189 mil em troca do arquivamento da ação.
Já o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), foi denunciado pelo MP-MG (Ministério Público do Estado de Minas Gerais) sob acusação de envolvimento no esquema de laranjas do PSL na eleição de 2018. A Justiça ainda não decidiu se aceitará ou não a acusação feita pelo MP de Minas. O ministro nega quaisquer irregularidades.
Dois filhos de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, são investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeitas de "rachadinha" e assessores fantasmas nos gabinetes, respectivamente.
A rachadinha consiste na devolução de parte do pagamento do salário de funcionários do gabinete ao político. Assessores fantasmas são funcionários que não cumprem com a carga horária devida, mas recebem salário normalmente.
Queiroz é suspeito de ter coordenado a rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual, chegou a ser preso, mas teve habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Queiroz ficará em prisão domiciliar.
Familiares de Queiroz também são suspeitos. Sua filha Nathália trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro quando deputado federal e é suspeita de ter participado da rachadinha quando nomeada no gabinete de Flávio. Jair Bolsonaro não pode ser investigado pelo Ministério Público fluminense.
Queiroz depositou pelo menos 21 cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, fato que contraria a versão do presidente de que Queiroz teria pagado um único cheque à sua mulher, segundo a revista Crusoé. Os pagamentos datam desde 2011, afirma a revista. Quando procurado, o Palácio do Planalto não se manifesta sobre os cheques.
Evento com homenagem a soldado morto em salto
Bolsonaro esteve acompanhado hoje na formatura pelos ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, além de aliados políticos, como o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ). O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de quem Bolsonaro tem se aproximado, também estava presente.
No evento, Bolsonaro entregou homenagens a familiares do soldado Pedro Lucas Ferreira Chaves, que morreu durante um treinamento de paraquedistas no Rio em junho. Pedro Lucas saltou da aeronave, mas seu paraquedas não abriu corretamente. O presidente foi ao funeral do militar.
Bolsonaro também foi paraquedista, quando militar na ativa. Na chegada ao evento, ele se encontrou com seu então comandante da Escola de Educação Física do Exército, coronel Paulo Nei.
"Meu comandante de 1982 aqui. É uma honra encontrar aqui 38 anos depois meu comandante da EsEFEx no qual fui o 01", disse ao cumprimentá-lo.
No momento, Bolsonaro estava sem máscara de proteção facial, recomendada para evitar a propagação do coronavírus. O coronel usava a máscara abaixo do queixo. No evento televisionado, Bolsonaro e todos ao seu lado estavam de máscara.
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