Eduardo Bolsonaro teria todas as condições de ser embaixador, diz Araújo
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, declarou hoje ainda acreditar que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), teria todas as condições para ser um bom embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Eduardo foi cogitado pelo pai para assumir a Embaixada do Brasil no país no ano passado. No entanto, a ideia não foi para frente após críticas quanto à eventual falta de preparo do deputado e após falta de apoio para que o nome dele fosse aprovado pelo Senado, como precisa acontecer com indicados a embaixadores do Brasil no exterior. Eduardo chegou a percorrer gabinetes de senadores em busca de votos favoráveis à época.
"Não há nenhum requisito de que seja membro da carreira diplomática [para ser embaixador] e continuo achando que o deputado Bolsonaro teria todas as condições de bem exercer aquela função", afirmou Araújo hoje.
A declaração foi dada em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado em que explicou a visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, a Roraima, na última sexta (18).
O ministro falou que o cargo de embaixador é um cargo político por ser representante do chefe de Estado, embora não descarte a necessidade de competência.
Em sua avaliação, é preciso um "arejamento da carreira diplomática" e disse que esta não pode ficar "alheia" à população brasileira. Portanto, embaixadores que não sejam da carreira diplomática do Itamaraty são uma "abertura a isso", disse.
Em fala, Araújo elogiou o general Gerson Menandro Garcia de Freitas, indicado para a Embaixada em Israel e recém-aprovado pelo Senado. Dos 32 indicados a postos no exterior cujos nomes foram analisados nessa semana no Senado, somente o general não é ligado ao Itamaraty.
Senado aprovou Forster
Após Bolsonaro não conseguir emplacar o filho, o diplomata Nestor Forster foi indicado para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Forster teve o nome aprovado para assumir o cargo pelo plenário do Senado nesta terça (22).
Ele já havia sido aprovado em sabatina na Comissão de Relações Exteriores da Casa em fevereiro deste ano. Nesse período, atuou como encarregado de negócios na embaixada, sem as prerrogativas plenas de um embaixador.
Quando Bolsonaro fez uma visita oficial ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em março de 2019, Forster era o favorito a assumir o posto, um dos mais importantes do Ministério das Relações Exteriores, mas acabou sendo preterido por Eduardo Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro, que esteve ao lado do pai em encontros com Trump e chegou a ser elogiado pelo presidente americano, negou no ano passado que uma eventual indicação configurasse nepotismo e afirmou ter "vivência pelo mundo" com intercâmbio e trabalho de fritar hambúrguer no país.
"Sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos", disse.
Nestor Forster atingiu a posição mais alta dentro do Itamaraty, de ministro de primeira classe, em junho de 2019. No Brasil, trabalhou não só no Ministério das Relações Exteriores, mas também na Presidência e na Advocacia-Geral da União, quando foi chefe de gabinete do então advogado-geral da União e hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Com este, escreveu o manual de redação da Presidência da República em 1991.
A senadores, Araújo defende visita de Pompeo
Na audiência no Senado hoje, o ministro Ernesto Araújo creditou parte da polêmica envolvendo a visita de Pompeo a Roraima a uma má tradução.
"Um dos elementos mencionados pelo secretário Mike Pompeo foi objeto de polêmica por uma má tradução como já se sabe, como foi publicado na imprensa. Foi traduzido que ele haveria dito 'Nosso mundo está consistente e a gente vai tirar essa pessoa e vai colocar no lugar certo', como se estivesse se referindo a Nicolás Maduro", disse.
O ministro afirmou que Pompeo teria dito: "Nossa vontade é consistente, coerente, nosso trabalho será incansável e chegaremos ao lugar certo". Araújo ressaltou ser "a coisa mais comum" conversas sobre terceiros países entre chanceleres e inclusive ter falado sobre a Venezuela com o chanceler chinês no mesmo dia em teleconferência.
Araújo ainda rebateu as críticas de que Pompeo teria utilizado o Brasil para promover eleitoralmente o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pretende se reeleger nas eleições do país em novembro. Isso porque há uma grande conversão entre republicanos e democratas quanto à situação na Venezuela, defendeu. Ele negou que haja um alinhamento automático do Brasil com os Estados Unidos.
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