Bolsonaro lista atributos do filho para justificar indicação à embaixada
O presidente Jair Bolsonaro fez uma lista com novos atributos para justificar uma eventual indicação de seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP, para chefiar a embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.
Depois de afirmar na semana passada que o "garoto fala inglês e espanhol", Bolsonaro apresentou nesta noite, por meio do porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, as atribuições que tornariam Eduardo apto para o cargo, vago desde abril:
- Detém a total confiança do presidente
- Detém acesso facilitado ao mandatário daquela nação amiga [EUA]
- É presidente da comissão de relações Exteriores e defesa Nacional da Câmara dos Deputados
- É conhecedor de relações internacionais
- Tem acompanhado comitivas do governo lideradas pelo presidente Bolsonaro e internalizado os princípios da atual política externa brasileira
O presidente também destacou que "a indicação de embaixadores para qualquer nação com qual o Brasil mantenha relações diplomáticas é uma atribuição única e exclusiva do chefe do Poder Executivo".
Segundo o porta-voz, Bolsonaro, porém, "está ainda a avaliar a indicação".
O anúncio de que cogita indicar o filho ao cargo de embaixador foi feito por Bolsonaro um dia após o filho completar 35 anos, idade mínima para assumir o posto.
Na manhã desta segunda-feira, o presidente disse que, "se o filho está sendo criticado, é sinal de que é a pessoa adequada para o cargo".
"Por vezes temos tomado decisões que não agradam a todos, como a possibilidade de indicar para a embaixada um filho meu. Se está sendo tão criticado pela mídia é sinal de que é a pessoa adequada", disse em evento no plenário da Câmara.
Eduardo, que já afirmou cogitar assumir a vaga, disse que fez intercâmbio e fritou hambúrguer nos Estados Unidos.
Partidos de oposição e políticos aliados têm recorrido às redes sociais para atacar ou defender a indicação de Eduardo.
Representantes da oposição na Comissão de Relações Exteriores do Senado já afirmaram que veem nepotismo na indicação e pretendem ingressar com uma ação no STF se o deputado for realmente nomeado,
Especialistas, como o americano Peter Hakim, que estuda América Latina há mais de três décadas e é presidente emérito do think tank Inter-American Dialogue, afirma que Eduardo será representante do pai e não do Brasil.
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, disse acreditar que a indicação do filho do presidente da República à embaixada mais importante do Brasil no exterior ajuda o Itamaraty a "romper um ciclo vicioso onde nós trabalhamos só para nós mesmos e esquecemos a sociedade do lado de fora".
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