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Fundação Palmares definirá personalidades negras por contribuição histórica

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, afirma que excluirá nomes da lista de personalidades negras e que novas inclusões serão por "relevante contribuição histórica" - Reprodução/Facebook
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, afirma que excluirá nomes da lista de personalidades negras e que novas inclusões serão por "relevante contribuição histórica" Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

10/11/2020 15h56Atualizada em 11/11/2020 07h47

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, afirmou hoje que assinou uma portaria determinando que o critério de seleção para a lista de personalidades negras da entidade seja a "relevante contribuição histórica". Ainda irá fazer a exclusão de vários nomes da atual seleção.

"Assinei hoje portaria que moraliza a lista de personalidades negras da Fundação Palmares. O critério de seleção passa a ser a relevante contribuição histórica. Haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter", explicou Camargo, por meio de sua conta oficial no Twitter.

Posteriormente, Camargo chegou a dizer que já iria divulgar alguns dos nomes que seriam incluídos e outros que seriam excluídos. Porém, voltou atrás e disse que iria aguardar a publicação da portaria, que deverá entrar em vigor em 1º de dezembro.

"A portaria entrará em vigor no dia 1º de dezembro, quando serão divulgadas todas as exclusões de nomes, assim como todas as novas personalidades negras, antes negligenciadas. Em razão disso, em vez da divulgação de alguns nomes, acho melhor aguardar a data. Ficará mais organizado", afirmou.

No próximo dia 20 é comemorado o dia da Consciência Negra. Camargo já afirmou que não dará nenhum suporte à celebração. Instituído como feriado em 2011, a data é atribuída à morte de Zumbi do Palmares (1655-1695), líder quilombola brasileiro.

A comemoração é realizada em mais de mil cidades e em Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro por meio de decreto estadual.

Nomes famosos já excluídos das personalidades negras

Em setembro, a deputada federal e candidata à prefeitura do Rio de Janeiro Benedita da Silva (PT) foi retirada das personalidades negras da fundação. A justificativa de Camargo na ocasião foi que a parlamentar "responde pelo crime de improbidade administrativa e seus bens foram bloqueados pela Justiça". Ainda disse que "o preto, o pobre e o favelado são as maiores vítimas da corrupção."

Benedita é acusada pelo Ministério Público de improbidade administrativa no período em que ocupou a secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, na gestão de Sergio Cabral no governo do Rio de Janeiro. Em 2015, a justiça determinou o bloqueio de bens e quebra de sigilo bancário da deputada com o objetivo de recuperar R$ 32 milhões em supostos danos causados aos cofres do estado.

De acordo com o MP, ela teria dispensado licitações em contratações trazendo "grave prejuízo" ao estado. As supostas irregularidades teriam ocorrido na assinatura de convênios entre a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar) e ONGs e o Ministério da Justiça.

Ela não foi condenada no caso. No entanto, em agosto deste ano, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio, Bruno Bodart, decidiu manter o bloqueio de bens da candidata.

Já em outubro, a ex-senadora Marina Silva (Rede) também foi retirada da lista. À época, a justificativa de Camargo foi que "Marina não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil. Disputar eleições não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição."

Em entrevista à GloboNews, no dia 13 do mesmo mês, a ex-senadora classificou a decisão como autoritária. "Você decreta a própria realidade. Todas as pessoas que são excluídas, com certeza não foram excluídas por serem irrelevantes, mas exatamente pela importância das causas que defendiam", avaliou.