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Bolsonaro ignora atos do Ibama e cita "licenças fraudulentas" antes dele

17.nov.2020 - O presidente Jair Bolsonaro durante reunião da XII Cúpula de Líderes do BRICS - Marcos Corrêa/PR
17.nov.2020 - O presidente Jair Bolsonaro durante reunião da XII Cúpula de Líderes do BRICS Imagem: Marcos Corrêa/PR

Do UOL, em São Paulo

19/11/2020 11h46Atualizada em 19/11/2020 13h01

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite de ontem, em conversa com apoiadores, que "licenças ambientais fraudulentas" foram concedidas antes de seu governo, apesar de reportagens mostrarem que medidas do Ibama facilitaram a exportação de madeira extraída ilegalmente durante o atual mandado.

Na terça-feira, Bolsonaro disse durante uma Cúpula de Líderes do Brics que iria revelar uma lista de países que exportam madeira de forma ilegal no país. Reportagens da Folha de S.Paulo e da TV Globo, porém, mostraram que medidas do presidente do Ibama, Eduardo Bim, durante o governo Bolsonaro, facilitaram a prática.

De acordo com a Folha, dois despachos de Bim resultaram em uma maior recirculação de madeira ilegal no país e uma ampliação das possibilidades de exportação irregular de madeira proveniente de espécies ameaçadas de extinção. A Folha cita ainda, com base em técnicos do Ibama ouvidos, uma queda na fiscalização.

Na conversa com apoiadores, Bolsonaro não comentou as denúncias e reafirmou a promessa de revelar a lista durante uma live na noite de hoje.

"Na live nós vamos mostrar os países que nos acusam de desmatar, mas que importam madeira clandestinamente nossa. Trabalho maravilhoso da PF, baseado em isótopos, para acabar com essa farsa que meu governo desmata, queima e acabamos com a Amazônia. As licenças ambientais fraudulentas foram concedidas anos atrás", disse o presidente.

Questionado especificamente sobre as medidas do Ibama por um apoiador, ele disse que vai apresentar uma resposta durante a live.

"A gente vai desfazer, vai mostrar tudo amanhã (hoje). A gente vai receber um delegado da PF, um agente, e talvez um ministro, quem menos vai falar sou eu. Mas quem quer saber a verdade, como esse país é roubado e acusado de cometer crimes, vai tomar conhecimento", completou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.