Bolsonaro diz que divulgará lista de países que importam madeira ilegal
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, na abertura de seu discurso na Cúpula de Líderes do Brics, que divulgará uma lista de países que importam madeira ilegal do Brasil.
Sem citar nomes, Bolsonaro disse que alguns deles são os "mais severos críticos" da política do Brasil na Amazônia, contestada diante do aumento de registros de queimadas neste ano e do avanço do desmatamento. O presidente explicou que será possível a divulgação depois de um método desenvolvido para identificar a origem da madeira exportada.
"A nossa Polícia Federal desenvolveu método usando isótopo estável, do tipo DNA, para permitir a localização da origem de madeira apreendida, e da exportada", disse.
"Revelaremos nos próximos dias os nomes dos países que têm importado essa madeira ilegal da Amazônia, e mostraremos que alguns desses são os mais severos críticos do meu governo no tocante da Amazônia. Acredito que depois dessa manifestação, essa prática diminuirá e muito nessa região", completou.
A fala foi feita durante a XII Cúpula do BRICS (sigla dos países emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), sob a Presidência temporária da Rússia. O evento foi realizado virtualmente pela primeira vez, em razão da pandemia do novo coronavírus.
Pressão internacional
A política do Governo Federal na região Amazônica tem gerado pressão de países como a França. Em 2019, o presidente francês Emmanuel Macron fez cobranças diretas a Bolsonaro, o que gerou tensão na relação entre os governos.
O assunto voltou à tona com a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos. Embora não tenha parabenizado e reconhecido a vitória do democrata, Bolsonaro tem se referido à mudança na Casa Branca com preocupação em relação a pressões que o Brasil possa sofrer do novo governo americano, que tem como uma de suas principais bandeiras a preservação ambiental e o crescimento sustentável.
"Estados comprometidos e também com ações no tocante à emissão de carbono. Assunto muito particular do Brasil tendo em vista os injustificados ataques que sofremos no tocante à região amazônica", disse Bolsonaro no discurso.
Durante a campanha nos Estados Unidos, Joe Biden sugeriu que pode destinar US$ 20 bilhões para investimentos na proteção da Amazônia, com algumas condições. O presidente Bolsonaro não aprovou a ideia, mas o embaixador do Brasil, Nestor Forster, nos EUA disse que seria uma ajuda bem-vinda.
Naquele debate, do dia 30 de setembro, Biden também afirmou que haveria retaliações econômicas caso Bolsonaro continuasse a permitir a destruição da floresta Amazônia.
Até setembro de 2020, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 76.030 pontos de fogo na Amazônia. É mais do que em quase todos anos anteriores.
Soberania
Ao longo do discurso, Bolsonaro destacou ainda que a necessidade de "respeito à soberania nacional" e disse que a crise enfrentada por causa da pandemia do novo coronavírus teve como papel de destaque as nações.
"O caminho para o crescimento econômico depende da cooperação focado em benefícios mútuos e no respeito a soberanias nacionais", disse Bolsonaro.
"A crise demonstrou a centralidade das nações para a solução dos problemas que hoje acometem o mundo. Temos que reconhecer a realidade que não foram os organismos internacionais que superaram desafios, mas sim a coordenação entre os nossos países", completou.
BRICS
O bloco foi criado em 2006 sem a presença da África do Sul, que integrou passou a integrar o grupo partir de 2011. Os Brics representam 42% da população mundial.
A abertura da cúpula deste ano, foi feita pelo presidente da Rússia, Vladmir Putin, às 8h (horário de Brasília). Bolsonaro foi o último a falar. O último encontro do grupo, no ano passado, aconteceu em Brasília, sob a presidência do Brasil. À época, Bolsonaro defendeu que o Brasil tem os olhos para o mundo, mas prioriza o país em primeiro lugar.
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