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Sem provas, Bolsonaro diz que foi 'roubado demais' na eleição de 2018

Bolsonaro ainda questionou a segurança das urnas, mas não apresentou evidências de fraude - Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Bolsonaro ainda questionou a segurança das urnas, mas não apresentou evidências de fraude Imagem: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

20/11/2020 21h48Atualizada em 20/11/2020 21h59

Sem apresentar quaisquer provas de suas acusações, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje a apoiadores que foi "roubado demais" na disputa pelo Palácio do Planalto em 2018, mas foi eleito porque, segundo sua versão, teve "muito voto".

"Alguns falam que eu fui eleito nesse sistema. Fui eleito porque tive muito voto. Fui roubado demais, quem reclamou que foi votar no 13, tinha problema. Mas reclamou muita gente que foi votar no 17", disse o presidente em frente ao Palácio da Alvorada. Nas redes sociais, ele compartilhou um vídeo de suas declarações.

Em março, Bolsonaro disse ter "provas" de que a eleição de 2018 foi fraudada, mas até hoje não as apresentou. Nas declarações de hoje, mais uma vez, o presidente não apresentou qualquer evidência que fundamentasse as alegações que fez.

Bolsonaro também voltou a lançar suspeitas sobre a urna eletrônica, citando o atraso na totalização dos votos do primeiro turno das eleições municipais, no último domingo (15). Mas a demora, segundo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, teve relação com a falta de testes em um supercomputador que faz a apuração, sem qualquer relação com fraudes ou ameaça ao resultado final.

Desde 1996, o Brasil adota o voto em urna eletrônica e jamais registrou qualquer episódio consistente de irregularidade no processo eleitoral.

Em setembro, o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional a impressão de um comprovante de votação pela urna eletrônica, conforme previa a minirreforma eleitoral de 2015. Apesar disso, Bolsonaro espera "resolver isso aí" e disse que pretende articular com o Congresso a aprovação de uma proposta que garanta o voto impresso para as eleições de 2022.

"Ninguém acredita nesse voto eletrônico e devemos atender a vontade popular", afirmou, também sem apresentar evidências de descrença da população na urna eletrônica. "Tenho certeza que o Parlamento vai resolver, isso é para ser tratado no início do ano que vem. Não podemos ter mais eleições complicadas em 2022", reforçou.

Urna eletrônica é segura

A urna eletrônica utilizada no Brasil é projetada para ser um dispositivo isolado, não estando conectada à internet, a bluetooth ou a nenhum tipo de rede. Por isso, é praticamente nula a possibilidade de um ataque externo ao seu sistema.

Também é bastante improvável que alguém consiga interceptar a transmissão dos resultados — um processo transparente, feito em questão de segundos e passível de ser checado por qualquer pessoa. A dificuldade está na quantidade de criptografia e chaves de segurança existentes, que exigiram tempo e maquinário potente para serem quebradas.

Para verificar se a urna é de fato segura, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) realiza anualmente um teste público de segurança do sistema, em que grupos tentam violar a segurança da urna. O teste pode ser acompanhado por pessoas inscritas e neste ano foi transmitido online.

Em agosto, dos 13 planos de ataque realizados, apenas dois obtiveram algum sucesso. Peritos da Polícia Federal conseguiram romper uma das diversas barreiras de proteção, mas não conseguiram alterar os dados de eleitores e de candidatos. O TSE considerou o teste bem-sucedido e prova da inviolabilidade da urna.

(Com Reuters)