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Lira pergunta se apoio de Temer tirou independência de Rodrigo Maia

Ex-presidente "atuou legitimamente dentro do Congresso", afirmou o líder do PP - Najara Araújo/Ag.Câmara
Ex-presidente "atuou legitimamente dentro do Congresso", afirmou o líder do PP Imagem: Najara Araújo/Ag.Câmara

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

20/12/2020 16h53Atualizada em 21/12/2020 11h15

O pré-candidato à Presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), refirmou neste domingo (20) que o apoio recebido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não fará a Casa ser menos independente. Em uma publicação em rede social, o líder do PP destacou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) também teve o apoio do então presidente Michel Temer (MDB) para ser eleito para o cargo.

"O presidente Michel Temer é um democrata", iniciou Lira. "E como é da política, atuou legitimamente em nome de Rodrigo Maia dentro do Congresso. Por que o que vale para uns não vale para os outros? Será que por esse apoio, Maia deixou de ser independente?".

Os opositores de Lira dizem que, caso ele vença, a Câmara será subserviente ao governo de Jair Bolsonaro. As críticas incluem deputados da própria base do governo, ironiza Lira em conversas reservadas.

Maia tem dito que o grupo dele vai manter a independência do governo de Jair Bolsonaro, ao contrário do conjunto de forças ao redor de Lira. O bloco tem 11 partidos com 284 deputados, mas ainda falta definir o candidato, decisão que, hoje gira entre Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Paulo Pimenta (PT-RS).

Até Bolsonaro apoiou Maia, lembra aliado

O argumento de independência de Lira foi usado pelo líder da Oposição na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE). Formalmente, as esquerdas estão no bloco de Maia. Mas o pedetista destacou que Maia já teve o apoio de Temer e de Bolsonaro em suas eleições.

"Temer era o mentor de Rodrigo", lembrou Figueiredo ao UOL, dois dias antes de o bloco ser formado. "E não se pode dizer ele que foi subserviente ao Temer de forma alguma. Da mesma forma que Rodrigo, mesmo apoiado por Bolsonaro no início de 2019 —o PSL votou em peso nele —-, não foi subserviente a Bolsonaro."

Hoje, Maia e Bolsonaro são adversários.

Lira repete que falta consistência a grupo de Maia

Neste fim de semana, Lira voltou a dizer que osapoios construídos por Maia no seu grupo não têm consistência. Para isso, ele compartilhou em sua rede social uma mensagem do ex-líder do governo no Congresso, major Vítor Hugo (PSL-GO), aliado de primeira hora de Bolsonaro. No texto, Hugo questiona a legitimidade dos apoios partidários obtidos por Maia.

"Só faltou combinar com os membros desses partidos", comentou Hugo. "No DEM, já há dissidências fortes; no PSL, apenas alguns bivaristas [políticos ligados a Luciano Bivar, que rompeu com Jair Bolsonaro] estão com ele."

Lira tem o apoio de dez partidos, que somariam 204 votos. No entanto, espera que as dissidências no bloco de Maia façam-no vencer o grupo do atual presidente da Câmara.

Maia tem "projeto pessoal de sucessão", diz Lira

Mais tarde, Lira criticou Maia por defender o trabalho dos deputados durante o recesso. O presidente da Câmara e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) entendem como positivo votar matérias durante o mês de janeiro, mesmo que seja remotamente.

Mas, para Lira, isso só interessa a um "projeto pessoal de sucessão" de Maia. A decisão, no "apagar das luzes", seria uma imposição aos demais parlamentares. "Centenas de deputados têm compromisso em suas bases e já fizeram suas agendas - percorrendo os municípios e já iniciando o diálogo com os novos prefeitos eleitos.