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Bolsonaro chama Bonner de 'canalha' e ataca Mandetta e Felipe Neto

Do UOL, em São Paulo

07/01/2021 11h32

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou o jornalista William Bonner de "canalha" e "sem vergonha" durante conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada na manhã de hoje. Ele ainda atacou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o youtuber Felipe Neto.

Em relação ao âncora da TV Globo, Bolsonaro disse que vai "ter seringa para todo mundo", sem ser claro se fazia referência a alguma reportagem do 'Jornal Nacional' sobre a dificuldade do governo federal em adquirir itens para a vacinação contra a covid-19.

"Pessoal da imprensa, sem vergonha, William Bonner, sem vergonha, vai ter seringa para todo mundo. William Bonner, por que seu salário foi reduzido? Porque acabou a teta do governo. Vocês têm que criticar mesmo. Quase R$ 3 bilhões por ano para a imprensa e grande parte para vocês, acabou", disse, repetindo a alegação, sem provas, de que seu governo cortou o valor que seria gasto em gestões anteriores em anúncios publicitários na grande imprensa.

Na sequência da conversa exibida em um canal de Youtube, Bolsonaro ainda falou, referindo-se de forma geral à imprensa, que não concorda com a repercussão de sua decisão de adiar compras de seringas alegando que os preços eram abusivos.

"Vocês falam que não comprei seringa agora. Por quê? Porque quando fui comprar, o preço dobrou. Se eu compro, vão falar que eu comprei superfaturado. Não dou essa chance para vocês. Brasil é um dos países que mais produz seringas. Não vai faltar seringas", disse.

No final, Bolsonaro voltou a atacar Bonner: "Agora estão dizendo que vai faltar seringa para outras doenças. São canalhas. Bonner, você é o maior canalha que existe, William Bonner. São canalhas. O tempo todo mentindo".

O UOL pediu um posicionamento da Globo sobre as declarações de Bolsonaro, mas não obteve resposta.

Ontem, durante o Jornal Nacional, uma participação de Bonner durante o Jornal Nacional chamou a atenção dos internautas. O âncora leu na íntegra declarações de Bolsonaro criticando a imprensa, mas para muitos telespectadores, o jornalista tentou imitar a voz do presidente.

Um dia antes, Bonner já havia respondido Bolsonaro acerca da declaração de que o "Brasil está quebrado" e a "mídia potencializa a pandemia". "Os números oficiais das secretarias estaduais de Saúde mostram que o vírus a que se refere o presidente Jair Bolsonaro está se espalhando a taxas maiores desde dezembro. Esse vírus contaminou quase 8 milhões de pessoas no país todo e levou luto às famílias e aos amigos de mais de 197 mil 'cidadões'... ou cidadãos... brasileiros", disse o âncora do telejornal.

Ataques a Felipe Neto e Mandetta

Ao longo da conversa, Bolsonaro também fez críticas ao youtuber Felipe Neto, que recentemente jogou uma partida de futebol com amigos. O influenciador posteriormente disse ter errado ao participar do encontro em meio à pandemia do novo coronavírus.

"A gente está vendo artistas globais correndo na praia, jogando futebol... O Filipe Neto né? Daí ele coloca no tuíte dele: 'Quando eu saía do gol e ia para frente eu botava máscara'", disse.

Em relação ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro criticou a recomendação no período inicial da pandemia, quando a orientação era não ir a hospitais com sintomas leves. A justificativa, na época, estava baseada na tentativa de evitar que muitas pessoas procurassem atendimento quando os centros hospitalares ainda se preparavam para a pandemia.

Bolsonaro também fez referências a dois medicamentos sem eficácia comprovada para o combate à covid-19: a hidroxicloroquina e a ivermectina.

"Aqui o pessoal fala que não pode, mas vai oferecer o que? Vão dar uma de Mandetta? Quando tiver falta de ar vai para o hospital? Ô Mandetta, fazer o que no hospital se não tem remédios", disse.

Bolsonaro ainda se referiu a fotos que mostravam Mandetta se despedindo dos funcionários do Ministério da Saúde, em abril do ano passado. "Quando ele saiu também foi abraçar pessoa sem máscara", disse.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no texto, a saída de Mandetta do Ministério da Saúde ocorreu em abril do ano passado, e não em abril deste ano. A informação foi corrigida.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.