Não vejo crime de responsabilidade que suscite impeachment, diz Pacheco
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado, afirmou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não cometeu crimes de responsabilidade que suscitem a abertura de um pedido de impeachment. Pacheco é o candidato apoiado por Bolsonaro e também pelo PT e PDT. A declaração foi dada durante o UOL Entrevista, conversa ao vivo conduzida pelo colunista Tales Faria e pela repórter Natália Lázaro.
"Não consigo depreender desses fatos [gestão do governo durante a pandemia] um crime de responsabilidade que suscite a necessidade do pedido de impeachment", afirmou Pacheco. "Eu sou advogado, tenho grande apego aos princípios constitucionais, que não podem ser banalizados. O que digo em relação ao impeachment é que não temos um ambiente adequado para esse tipo de encaminhamento no momento".
Pacheco citou que o Brasil assistiu a dois impeachments em sua história recente e os classificou como um "triste episódio da história nacional". "Temos que evitar que eles se repitam. Ter um ambiente de pacificação é o que eu vou buscar como presidente do Senado".
Desde o início do mandato do presidente Bolsonaro, 61 pedidos de impeachment foram protocolados na Câmara; apenas sete são anteriores a março de 2020, quando teve início a pandemia de coronavírus. Hoje, o presidente afirmou: "Se Deus quiser, vou continuar o meu mandato e, em 2022, o pessoal escolhe".
Para o senador, é preciso "concentrar as energias e esforços para a pacificação". Ele também defendeu foco "na saúde pública, desenvolvimento social para as pessoas que precisam do estado e fundamentalmente crescimento econômico para sair da crise".
Do outro lado da disputa pelo comando do Senado está Simone Tebet (MDB-MS), que conta com o apoio da maior bancada do Senado, com 15 parlamentares. Se eleita, ela será a primeira mulher a assumir a presidência da Casa.
Erros na pandemia
O senador Rodrigo Pacheco disse também que o presidente Jair Bolsonaro "talvez reconheça erros que possa ter praticado" durante a pandemia do novo coronavírus.
No final das contas, talvez o presidente reconheça eventuais erros que tenha praticado. Eu também serei capaz de reconhecer erros que o Parlamento possa ter praticado. O objetivo agora é encontrar um caminho comum de uso de máscara, isolamento social e tratamento apropriado para a doença.
Segundo o senador, as atenções devem estar voltadas para a vacinação, e não aos erros "do passado". "Que todos tenhamos em conjunto uma esperança grande e energia redobrada em torno da imunização do povo brasileiro", afirmou. "O foco agora é na vacinação e os erros do passado ficarão na história para serem corrigidos no futuro quando outras situações similares puderem acontecer".
Flávio Bolsonaro
Questionado sobre a possível abertura de um processo no Conselho de Ética da Casa contra o senador e filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Pacheco defendeu que Flávio deve ser tratado como um dos 81 senadores, não como filho de Jair Bolsonaro.
Ele é um senador da República, não pode ser tratado no ambiente do Senado nem para bem, nem para mal, como filho do presidente. Como senador, ele precisa ter o mesmo tratamento que os demais 80.
O senador ainda ressaltou que o Conselho deve agir com independência.
"O Conselho de Ética é um órgão que deverá agir com independência, imparcialidade, tanto para permitir à sociedade que venha um senador responder a eventuais fatos que sejam atribuídos a ele de índole disciplinar, mas também, permitir para os 81 senadores o direito de se defender sobre fatos que possam macular seus mandatos", afirmou.
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