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O meu PSDB não vai estar do lado de Bolsonaro, diz senador Tasso Jereissati

Do UOL, em São Paulo

08/02/2021 16h29Atualizada em 12/02/2021 19h41

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) negou hoje que seu partido apoiará o presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. "O meu PSDB não vai estar com Bolsonaro de maneira alguma", afirmou.

"O núcleo do PSDB, o PSDB que eu presidi, é radicalmente contra o governo Bolsonaro e o responsabiliza por medidas quase que criminosas em relação ao tratamento, a condução da covid, a questão ambiental, questão de costumes, questão de gestão", explicou o senador durante o UOL Entrevista.

Jereissati presidiu o PSDB entre 1991 e 1993 e entre 2005 e 2007. Atualmente, o presidente da sigla é o ex-deputado federal Bruno Araújo (PE).

Ainda sobre Bolsonaro, Jereissati citou situações em que o atual presidente, na sua opinião, "deseducou" o Brasil.

Nós vemos um presidente deseducando o Brasil, levando o Brasil para a vulgaridade, quando faz um discurso em um restaurante com todas as palavras chulas e baixas possíveis e com seus ministros rindo e batendo palminhas. Isso desmoraliza moralmente a Presidência, e o presidente da República tem que ser referência e não líder de um comportamento chulo como esse.
Tasso Jereissati, senador pelo PSDB-CE

Eleição no Congresso: 'Partidos são ignorados'

O senador também afirmou que os partidos políticos foram "destruídos" no processo eleitoral para as presidências da Câmara e do Senado.

Os partidos foram, a meu ver, moídos, destruídos, triturados. Nenhuma das pessoas, das lideranças, vamos chamar assim, dos coordenadores das eleições presidenciais na Câmara e no Senado tiveram ou têm qualquer respeito por partido politico, simplesmente ignoram os partidos.
Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Ele declarou que vários deputados e senadores entenderam que essa é uma nova maneira de "se fazer política em Brasília" e que os coordenadores das campanhas passaram por cima das legendas para atingir ambições individuais de cada parlamentar.

"A percepção dos articuladores das campanhas é que senadores e deputados eram muito mais facilmente cooptados individualmente, discutindo projetos ou ambições pessoais, do que através das lideranças políticas ou visões partidárias. Instituíram isso nessas eleições. Você vê: o PSDB rachou, o MDB rachou, o DEM rachou. E os partidos não existem mais como uma entidade organizada com projetos e programas."

'Qualquer partido gostaria de ter Maia'

Após o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) se mostrar descontente com o próprio partido — que optou por não declarar apoio a nenhum candidato na eleição para a presidência da Câmara —, Jereissati sinalizou ter visto com bons olhos o convite feito pelo governador de São Paulo João Doria (PSDB) para que Maia se filiasse ao PSDB.

"O presidente Rodrigo Maia é um quadro, sem dúvida nenhuma, da vida política brasileira. Teve um par presidente da Câmara e é sempre importante poder tê-lo em qualquer partido, principalmente quando se tem uma identidade ideológica, principalmente na área que existe entre nós e pelo menos o que o Rodrigo Maia pregou durante a sua, e até praticou durante sua presidência. Qualquer partido gostaria de ter o Rodrigo Maia."

'Doria, Eduardo Leite e Huck são nomes à Presidência em 2022'

Jereissati disse considerar nomes fortes para a disputa à Presidência em 2022 os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o apresentador Luciano Huck. O nome "mais óbvio" da lista, segundo o senador, é o do governador paulista.

Acho que temos duas candidaturas dentro do partido, duas lideranças. Uma óbvia, que é do governador Doria. Afinal de contas, é governador do estado de São Paulo e São Paulo é sempre um presidenciável. Ele tem feito um belo trabalho na questão do combate da covid. Temos que lembrar que sem ele não teríamos praticamente nenhuma vacina.
Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)

"Mas temos também o governador do Rio Grande do Sul, um dos maiores sucessos políticos e administrativos dessa nova geração de políticos brasileiros. Tendo tido resultados excepcionais onde passou e hoje é admirado por todo mundo, de todos os partidos", acrescentou.

O nome de Huck, defendido por caciques do partido como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também foi apontado como possibilidade pelo senador, que o enxerga como um candidato com valores próximos aos da sigla e também propício a seguir a linha do liberalismo econômico.

"O Huck eu vejo sim possibilidade Ele não é do PSDB, mas é uma pessoa jovem, idealista, tem vontade, tem se esforçado em aprende. Acho que o mais importante é que tenhamos as pessoas que tenham esses valores que temos, que respeitam a democracia como sagrada."