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Partidos são ignorados, diz Tasso Jereissati sobre eleição no Congresso

Do UOL, em São Paulo

08/02/2021 16h22Atualizada em 08/02/2021 18h41

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou hoje que os partidos políticos foram "destruídos" no processo eleitoral para as presidências da Câmara e do Senado. "Nenhuma das pessoas, dos coordenadores das eleições presidenciais na Câmara e no Senado tiveram ou têm qualquer respeito por partido político, simplesmente ignoram os partidos", disse.

O senador, em participação no UOL Entrevista, comentou as consequências das eleições para as Mesas Diretoras das duas Casas do Congresso. Para ele, este processo valorizou posições individuais dos parlamentares em vez dos posicionamentos partidários, o que, em sua visão, é muito pior.

O fisiologismo é insaciável.
Tasso Jereissati, senador do PSDB pelo Ceará

"A questão do individual foi institucionalizada. Temos vários deputados e senadores novos que entenderam que essa é a maneira de se fazer política em Brasília, essa é a maneira de relacionamento entre Congresso e Executivo", afirmou.

Ele lembrou ainda que a situação destrói os partidos políticos e é incomum quando comparada a outros Parlamentos democráticos: "Nenhum Parlamento do mundo funciona sem partidos, sem aliança realmente programáticas". "Há um salve-se quem puder nas próximas votações em função de compromissos assumidos e não em função de qualquer visão mais ampla, abrangente da necessidade segundo a visão de mundo de cada partido", criticou.

'O meu PSDB não vai estar do lado de Bolsonaro'

Jereissati negou que seu partido apoiará o presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. "O meu PSDB não vai estar com Bolsonaro de maneira alguma", afirmou.

O núcleo do PSDB, o PSDB que eu presido, é radicalmente contra o governo Bolsonaro e o responsabiliza por medidas quase que criminosas em relação ao tratamento, a condução da covid, a questão ambiental, questão de costumes, questão de gestão
Tasso Jereissati, senador do PSDB pelo Ceará

Empresário e defensor de políticas liberais para a economia, Jereissati é um dos tucanos mais influentes em Brasília. Foi governador do Ceará por três mandatos e presidente nacional do PSDB em duas oportunidades. Atualmente, o presidente da sigla é o ex-deputado federal Bruno Araújo (PE).

Ainda sobre Bolsonaro, o senador completou citando situações em que o presidente, na sua opinião, "deseducou" o Brasil.

"Nós vemos um presidente deseducando o Brasil, levando o Brasil para a vulgaridade, quando faz um discurso em um restaurante com todas as palavras chulas e baixas possíveis e com seus ministros rindo e batendo palminhas. Isso desmoraliza moralmente a presidência, e o presidente da República tem que ser referência e não líder de um comportamento chulo como esse", opinou.

'Qualquer partido gostaria de ter Maia'

Após o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) se mostrar descontente com o próprio partido — que optou por não declarar apoio a nenhum candidato na eleição para a presidência da Câmara —, Jereissati sinalizou ter visto com bons olhos o convite feito pelo governador de São Paulo João Doria (PSDB) para que Maia se filiasse ao PSDB.

"O presidente Rodrigo Maia é um quadro, sem dúvida nenhuma, da vida política brasileira. Teve um par presidente da Câmara e é sempre importante poder tê-lo em qualquer partido, principalmente quando se tem uma identidade ideológica, principalmente na área que existe entre nós e pelo menos o que o Rodrigo Maia pregou durante a sua, e até praticou durante sua presidência. Qualquer partido gostaria de ter o Rodrigo Maia."

'Doria, Eduardo Leite e Huck são nomes à Presidência em 2022'

Jereissati disse considerar nomes fortes para a disputa à presidência em 2022 os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o apresentador Luciano Huck. O nome "mais óbvio" da lista, segundo o senador, é o do governador paulista.

Acho que temos duas candidaturas dentro do partido, duas lideranças. Uma óbvia, que é do governador Doria. Afinal de contas, é governador do estado de São Paulo e São Paulo é sempre um presidenciável. Ele tem feito um belo trabalho na questão do combate da covid. Temos que lembrar que sem ele não teríamos praticamente nenhuma vacina
Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)

"Mas temos também o governador do Rio Grande do Sul, um dos maiores sucessos políticos e administrativos dessa nova geração de políticos brasileiros. Tendo tido resultados excepcionais onde passou e hoje é admirado por todo mundo, de todos os partidos", acrescentou.

O nome de Huck, defendido por caciques do partido como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também foi apontado como possibilidade pelo senador, que o enxerga como um candidato com valores próximos aos da sigla e também propício a seguir a linha do liberalismo econômico.

"O Huck eu vejo sim possibilidade Ele não é do PSDB, mas é uma pessoa jovem, idealista, tem vontade, tem se esforçado em aprender e tem feito muitas viagens, muitos cursos, palestras, e também é um candidato que poderíamos colocar nessa lista. Como eu disse, acho que o mais importante é que tenhamos as pessoas que tenham esses valores que temos, que respeitam a democracia como sagrada, entendem a ciência como fundamental para nosso desenvolvimento e convivência moderna, veem um problema na falta de atenção para o futuro da humanidade, que têm, onde temos alguma percepção com governo Bolsonaro, uma visão da economia que tenha uma linha mais liberal. Não é super liberal, mas mais liberal."